A Polícia Federal realizou operações de busca e apreensão contra dois autores da invasão hacker aos perfis da primeira-dama Janja e encontrou conteúdo nazista produzido e compartilhado por eles nas plataformas digitais.
Os responsáveis pela invasão são um homem de 25 anos chamado João Vítor Corrêa Ferreira, morador de Ribeirão das Neves (MG), e um adolescente de 17 anos de Sobradinho, no Distrito Federal.
A PF realizou quatro operações de busca e apreensão em Minas Gerais e duas no Distrito Federal.
Os perfis de Janja foram invadidos na segunda-feira (11), quando os hackers começaram a fazer publicações misóginas (ódio às mulheres) contra a própria primeira-dama, atacando o presidente Lula e o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes.
Segundo o comunicado da corporação, “durante as apurações ficou constatado que os possíveis envolvidos também tinham perfis e postagens na plataforma Discord, participando de grupos que trocavam mensagens de caráter misógino e extremista”.
O Discord é uma plataforma que permite que os usuários criem servidores privados para se comunicarem com seus conhecidos. Por serem servidores fechados, é comum que nazistas, racistas e outros criminosos os utilizem.
João Vitor Corrêa Ferreira, um dos hackers, se identificava nas redes sociais como “Maníaco”.
Nas plataformas de música, como o Spotify, ele publicava músicas abertamente nazistas. Uma delas, chamada “Ariano”, diz: “Não importa se eu sou pernambucano/ O que importa é que meu sangue é ariano/ Aqui não tem mistura!/ Aqui é raça pura!”. A “raça ariana” era aquela defendida por Adolf Hitler.
Outras músicas do “Maníaco” falam que “Mulher gosta de porrada” e inferiorizam os negros. Há ainda uma chamada “Exterminador de Mendigos”, que fala sobre o assassinato de moradores de rua.
O Spotify, uma das maiores plataformas de música do mundo, derrubou o perfil de João Vitor na quarta-feira (13). No YouTube e em outros sites, elas ainda podem ser encontradas.
O adolescente de 17 anos que também participou da invasão aos perfis de Janja admitiu a participação no crime. Ele também participava de comunidades extremistas nas redes sociais.
A PF apontou que foram praticados os crimes de “invasão e o uso indevido de perfil de rede social da senhora Janja Lula da Silva, além de crimes de ódio relacionados, como postagens de caráter ofensivo contra autoridades públicas federais”.
Leia nota da PF na íntegra:
A Polícia Federal deflagrou nos dias 12 e 14/12 a Operação X1, para investigar crimes praticados na internet, em especial a invasão e o uso indevido de perfil de rede social da senhora Janja Lula da Silva, além de crimes de ódio relacionados, como postagens de caráter ofensivo contra autoridades públicas federais.
Policiais federais cumpriram seis mandados de busca e apreensão, sendo dois no Distrito Federal e quatro em Minas Gerais, com a finalidade de avançar nas investigações voltadas a apurar a materialidade e a autoria dos crimes praticados. As ordens judiciais foram expedidas pelo Supremo Tribunal Federal.
Durante as apurações ficou constatado que os possíveis envolvidos também tinham perfis e postagens na plataforma Discord, participando de grupos que trocavam mensagens de caráter misógino e extremista.
Os crimes sob investigação são crimes art. 139 (difamação) e art. 154-A (invasão de dispositivo informático).
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