A Polícia Federal (PF) desencadeou, na segunda-feira (24), uma investigação que visa apurar uma ameaça de ataque terrorista contra o Consulado da República Popular da China em São Paulo.
Segundo a corporação, um representante do consulado procurou a PF na última sexta-feira (21) para informar sobre o recebimento de um e-mail que exigia o pronto fechamento da representação diplomática, sob a ameaça de ataques caso não atendido.
A mensagem indicava que ações ocorreriam no início nesta semana. A origem do ataque foi identificada após a deflagração de protocolos de urgência.
Com a gravidade do caso, a corporação mobilizou agentes para localizar o suspeito de fazer a ameaça e, durante o plantão do final de semana, cumpriu mandados de busca e apreensão na residência do investigado. A ameaça também foi analisada pelo plantão da Justiça Federal no fim de semana, que expediu mandado de busca e apreensão para a residência do suspeito.
“Foram apreendidos computadores e aparelhos celulares em busca da motivação do crime e da eventual participação de outros envolvidos”, informou a PF na nota.
A operação, batizada de Pronta Resposta, foi efetuada pelo Grupo de Repressão à Crimes Cibernéticos da Polícia Federal.
Embora a investigação ainda não tenha revelado as motivações e as ligações do suspeito, a China e suas representações diplomáticas têm sido alvo de hostilidades e ataques nos últimos meses.
No dia 20 de março, um homem colocou faixas e cartazes em frente à Embaixada da China, em Brasília, com ofensas ao presidente da China, Xi Jinping, e ao embaixador chinês Yang Wanming.
Nos cartazes, estava escrito “son of bitch” e “filho da puta”, além da hashtag “China Lied People Died (em português, China mentiu, pessoas morreram)”, referindo-se à pandemia do coronavírus, que começou em Wuhan, na província de Hubei.
A agressão ocorreu após o filho de Jair Bolsonaro, deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), postar no Twitter acusação culpando o país asiático pela disseminação da pandemia. Segundo ele, o governo chinês teria escondido os dados sobre o coronavírus.
A Embaixada da China reagiu e rebateu o filho de Jair Bolsonaro.
“Quem assistiu Chernobyl vai entender o que ocorreu. Substitua a usina nuclear pelo coronavírus e a ditadura soviética pela chinesa. Mas uma ditadura preferiu esconder algo grave a expor tendo desgaste, mas que salvaria inúmeras vidas. A culpa é da China e liberdade seria a solução”, escreveu.
No dia 17 de maio, um grupo de bolsonaristas se reuniu na Barra, Rio de Janeiro, no Posto 5 e seguiu em carreata até a porta do Consulado da China, em Botafogo.
Em frente ao consulado, o grupo, com camisas nas cores da bandeira do Brasil, pediu o fim do isolamento social e a reabertura do comércio no Rio. “Comunistas”, “maconheiros”, “Vai pra Venezuela” e “retardados mentais” foram alguns gritos do grupo bolsonarista dirigidos contra os chineses.
O ato aconteceu após, no início de abril, o então ministro da Educação, Abraham Weintraub, pelo Twitter, fazer uma piada racista contra os chineses, em postagem que foi apagada depois. No Twitter, Weintraub usava o personagem Cebolinha, da Turma da Mônica, para ironizar o sotaque dos chineses e associa a pandemia de Covid-19 a interesses da China.
Em resposta, a embaixada da China disse que as declarações tiveram cunho racista, expressou indignação e repúdio exigiu que “alguns indivíduos do Brasil” corrijam os erros.