A Polícia Federal prendeu, nesta quarta-feira (2), o hacker Walter Delgatti Neto e realizou operações de busca e apreensão em endereços da deputada Carla Zambelli (PL-SP) por invasão e fraude de informações no sistema da Justiça.
Delgatti, que prestava serviços para Zambelli, invadiu, em janeiro, o sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e incluiu alvarás de soltura para criminosos.
Além disso, o hacker incluiu um mandado falso de prisão contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, tido como inimigo pelo bolsonarismo por defender a Constituição e a democracia.
“Disse à deputada que conseguiria emitir um mandado de prisão em desfavor do próprio ministro, como se fosse ele mesmo emitindo. A deputada ficou ‘empolgada’, fez o texto e enviou para o declarante publicar”, confessou Delgatti em depoimento anterior à PF.
A Polícia Federal informou que, além da prisão de Walter Delgatti, foram cumpridos dois mandados de busca e apreensão em São Paulo e três no Distrito Federal.
As buscas foram realizadas em endereços da deputada Carla Zambelli e de dois de seus assessores. A deputada bolsonarista está sendo investigada por contratar Delgatti para realizar a invasão ao sistema da Justiça.
A PF ainda citou o uso de “credenciais falsas obtidas de forma ilícita” para a invasão. Estão sendo investigados os crimes de invasão de dispositivo informático e falsidade ideológica.
O ministro da Justiça, Flávio Dino, comentou que, “em prosseguimento às ações em defesa da Constituição e da ordem jurídica, a Polícia Federal está cumprindo mandados judiciais relativos a invasões ou tentativas de invasões de sistemas informatizados do Poder Judiciário da União, no contexto dos ataques às instituições”.
Walter Delgatti Neto ficou conhecido pelo caso da “Vaza Jato”, no qual invadiu o celular de autoridades e conseguiu prova de abusos cometidos por juízes e procuradores na Operação Lava Jato.
O hacker contou à Polícia Federal que Carla Zambelli lhe pediu diretamente que tentasse invadir urnas eletrônicas e o celular do ministro Alexandre de Moraes.
Ele não foi capaz de invadir as urnas. Mesmo porque as urnas eletrônicas não são ligadas à rede mundial de computadores, à internet. Por isso, as falas bolsonaristas contra as urnas não passam de uma grande farsa.
Quando o hacker teve acesso ao celular de Moraes, em 2019, não encontrou nada comprometedor.
Delgatti foi gravado pedindo ajuda para outra pessoa e dizendo que haveria um pagamento de, no mínimo, R$ 10 mil porque tinha “um pessoal pagando por trás”.
No depoimento à PF, contou que Zambelli lhe fez o pedido em um encontro que tiveram na Rodovia dos Bandeirantes.
De acordo com a PF, assessores da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) fizeram pagamentos por PIX de R$ 13.500 para o hacker Walter Delgatti Neto.
A deputada ainda levou Delgatti para Brasília para participar de reuniões e tentou incluí-lo na campanha de Jair Bolsonaro e na lista de funcionários do PL.