Operação deflagrada na manhã desta quarta-feira (6) mirou municípios nos Estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul
A PF (Polícia Federal) cumpriu, nesta quarta-feira (6), 10 mandados de busca e apreensão contra acusados de financiar bloqueios em rodovias federais após as eleições de outubro do ano passado.
A operação, batizada de Parada Obrigatória, ocorreu nos municípios de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, e Pontes e Lacerda, no Mato Grosso.
Segundo a PF, houve bloqueio da Rodovia BR-174 por manifestantes, que conforme as apurações, “teriam agredido e ameaçado motoristas que tentavam furar os pontos de bloqueio, além da reiterada desobediência a policiais que buscavam liberar o trânsito”.
Ainda de acordo com a corporação, os líderes, financiadores e participantes do movimento podem responder por crimes como constrangimento ilegal, lesão corporal, incitação ao crime, associação criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, entre outros.
Somadas, as penas passam de 13 anos de prisão.
ANÁLISE E PERÍCIA
Os materiais apreendidos durante a ação serão enviados para análise e perícia para dar continuidade às investigações e apontar elementos de responsabilização dos envolvidos nos bloqueios.
Os protestos nas estradas começaram logo após o resultado das eleições, ainda em 30 de outubro do ano passado, que elegeram o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) contra o ex-chefe do Executivo, Jair Bolsonaro (PL).
EIS OS FATOS
“Preparem as barracas, o povo nas cidades vai para os quartéis os caminhoneiros e o agro irão parar às rodovias”, dizia a mensagem, com erros de ortografia, que circulou no Telegram bolsonarista.
Apesar da paralisação antidemocrática ter se concretizado apenas no final de outubro — após o resultado das eleições que declararam a derrota de Bolsonaro para Lula — o chamado foi disparado semanas antes, dia 14 de outubro.
“DIA 30 vamos votar e PERMANECER NAS RUAS”, previa a convocação bolsonarista nas redes digitais.
Investigação da Agência Pública descobriu que a mensagem, enviada no grupo ODB Ordem de Cristo, com 3,5 mil membros, não foi conteúdo isolado.
MOVIMENTAÇÃO BOLSONARISTA
Durante todo o período que antecedeu o segundo turno, chamados de paralisação de caminhoneiros circularam em grupos bolsonaristas. A maioria dos grupos não permite ver a quantidade de visualizações de cada postagem.
As mensagens mostravam que os extremistas traçaram ao menos dois cenários: realizar a paralisação nas semanas anteriores à votação ou logo após a divulgação dos resultados, no que já chamavam de “contra-golpe” (sic) — antes mesmo de a eleição ocorrer.
M. V.