A Polícia Federal (PF) indiciou nesta segunda-feira (23), doze suspeitos de desviar R$ 600 milhões nas obras do Rodoanel, em São Paulo. Entre os acusados está o ex-presidente da Dersa, Laurence Casagrande Lourenço (PSDB).
A investigação da PF teve início em 2016 com a denúncia de um fiscal das obras do trecho norte do Rodoanel. Essa denúncia levou a investigação aos dois principais cargos da empresa de obras viárias do governo paulista.
De acordo com a Polícia Federal, o ex-presidente da estatal Laurence Casagrande Lourenço praticou os crimes de fraude em licitação, associação criminosa e falsidade ideológica. O tucano ocupava a presidência da Cesp, a companhia energética do estado, até ser preso no mês de junho.
Laurence Casagrande também foi secretário de Logística e Transportes do estado de São Paulo entre maio de 2017 e abril de 2018, na gestão do ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB).
Ele é o único dos alvos da Operação intitulada “Pedra no Caminho” que continua preso. O Ministério Público Federal (MPF) pediu a prisão preventiva de Laurence depois que duas ex-secretárias disseram aos investigadores que receberam ordens para destruir documentos.
A investigação da Operação Pedra no Caminho apontou também, que Laurence Casagrande tinha uma espécie de “bunker” dentro da sede da Cesp, em São Paulo, para esconder e eliminar documentos comprometedores.
A PF também indiciou o diretor de Engenharia da Dersa, Pedro da Silva, o gestor dos contratos, Pedro Paulo Campos, além de cinco fiscais da Dersa e quatro executivos das empreiteiras Corsan-Covisan, Mendes Jr e OAS.
Segundo a investigação, os executivos das construtoras e a Dersa assinaram aditivos para remover rochas de grande porte, só que o serviço já estava previsto no contrato inicial.
O Tribunal de Contas da União (TCU) constatou um superfaturamento de R$ 625 milhões na obra. A Polícia Federal já concluiu o inquérito. Agora está nas mãos dos procuradores da República decidir até sexta-feira (27) se oferecem denúncia à Justiça, ou se pedem outras investigações.
A defesa de Laurence Casagrande disse que o indiciamento se baseia em informações falsas e equivocadas e que todas as acusações são falsas.
Para Alckmin, ex-secretário é uma “pessoa correta”
Em defesa do seu ex-secretário, o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, considerou que Laurence “pode ser uma vítima”. Durante entrevista no programa Roda Viva nesta terça-feira (24), Alckmin saiu em defesa de seu ex-secretário dizendo acreditar em sua inocência.
“Acredito que o Laurence é uma pessoa correta e pode estar sendo vítima de uma injustiça”, disse o ex-governador.
O tucano, no entanto, acrescentou que “se alguém cometeu algo errado, vai ter de pagar por isso”.