A Polícia Federal (PF) indiciou por corrupção passiva o ex-procurador da República, Marcello Miller, e por corrupção ativa Joesley Batista, dono da JBS. Além deles, o diretor jurídico da JBS, Francisco de Assis e Silva, e duas advogadas também foram indiciados.
O inquérito da PF apurou o envolvimento de Miler na elaboração dos acordos de colaboração premiada de executivos e ex-executivos da JBS enquanto ainda era membro do Ministério Público Federal (MPF).
O delegado da Polícia Federal, Cleyber Malta Lopes, incriminou Miller, Joesley Batista, Francisco de Assis e Silva, e as advogadas Esther Flesch e Fernanda Tórtima, que trabalharam para a empresa.
Para a PF, há indícios de que Miller recebeu propina por meio do contrato com o escritório Trench, Rossi e Watanabe pelo serviço de atendimento aos colaboradores da JBS, compreendendo a remuneração de R$ 450 mil por quatro meses de trabalho. Miller ainda trabalhava no MPF quando isso aconteceu. Segundo a PF, Miller foi exonerado mais tarde, mas, mesmo assim, interagia com membros do MPF após demissão. O delegado, no entanto, não faz acusações sobre a conduta de integrantes do Ministério Público. Joesley e Francisco de Assis são citados como beneficiários diretos da contratação e serviços de Miller ao escritório.
Este inquérito foi aberto em setembro do ano passado a pedido do então procurador-geral da República, Rodrigo Janot, após a divulgação de um áudio com uma conversa de Joesley Batista dando indicativo de que Miller atuou para os executivos do grupo empresarial antes mesmo de se exonerar do MPF. O áudio foi entregue às autoridades pelo próprio Joesley Batista, aparentemente sem querer, quando fizeram uma complementação dos termos de colaboração.
A informação foi publicada pelo canal GloboNews e confirmada pelo jornal “Estadão/Broadcast”. Os também delatores do grupo J&F Wesley Batista e Ricardo Saud, embora tenham sido investigados, não foram indiciados.