Em desdobramento da Operação Ross, a Polícia Federal (PF) realizou buscas em endereços de parentes do senador Aécio Neves (PSDB-MG) nesta quinta-feira (20).
A nova operação investiga a ocultação de documentos “escusos” nos endereços apontados. A PF suspeita que a casa da mãe de Aécio, Inês Maria Tolentino Neves da Cunha, e endereços ligados ao senador e ao primo dele, Frederico Pacheco, foram usados para esconder documentos comprometedores.
O ministro Marco Aurélio Mello, relator do caso no Supremo Tribunal Federal (STF), em seu despacho, disse que a PF identificou “quatro novos endereços, vinculados ao investigado Aécio Neves, à irmã Andrea Neves e ao primo Frederico Pacheco. Segundo aduz, os locais provavelmente são utilizados para a ocultação de documentos”.
“Junta aos autos, à folha 21, relatório de denúncia nº 20181218F, no que revelado por pessoa anônima, no mesmo dia, às 9h56, que uma das secretárias do investigado Aécio Neves e o motorista, de nomes não informados, estiveram no endereço Rua Piuim – I, nº 1.601, apartamento 901, bairro Sion, Belo Horizonte/MG, residência da genitora do investigado, Inês Maria Tolentino Neves da Cunha, oportunidade em que teriam subido várias vezes ao apartamento e escondido caixas com documentos no imóvel”, diz o documento do ministro.
Na manifestação feita ao STF, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, destaca que o pedido para novas diligências feito pela PF se deu “a partir da descoberta de novos indícios de práticas criminosas”. A procuradora defendeu “a necessidade das buscas” e alertou sobre “riscos de eliminação de elementos de informação e que a medida é imprescindível para o aprofundamento da investigação, bem como para a correta delimitação da amplitude das pessoas investigadas”. Segundo ela, outro objetivo é “descortinar os envolvidos nos ilícitos perpetrados”.
A primeira fase da Operação Ross foi deflagrada pela PF no dia 11, tendo como alvos o senador Aécio Neves (PSDB/MG), a irmã dele, Andrea Neves, e o primo Frederico Pacheco de Medeiros. Também os senadores Antonio Anastasia (PSDB/MG) e José Agripino Maia (DEM/RN), além dos deputados Paulinho da Força (Solidariedade/SP), Benito Gama (PTB/BA) e Cristiane Brasil (PTB/RJ).
Eles são investigados por corrupção passiva, lavagem de dinheiro, organização criminosa e associação criminosa.
A operação apura pagamento de propina a esses parlamentares no período de 2014 a 2017. A investigação tem como base as delações de Joesley Batista e Ricardo Saud, do grupo J&F. Eles relataram repasses de propina de quase R$ 128 milhões a Aécio. Foram pagos efetivamente R$ 110 milhões. Há denúncias também sobre compra de apoio político e doações de campanha e caixa dois por meio de notas frias.
Segundo os investigadores, a Ross foca não só na delação de Joesley, mas também no caminho que a propina percorreu. A PF afirma que Aécio Neves comprou apoio do deputado Paulinho da Força por R$ 15 milhões, além de receber ajuda de empresários via caixa dois.
A Operação Ross faz referência a um explorador britânico que dá nome à maior plataforma de gelo do mundo fazendo alusão às notas fiscais frias que estão sob investigação.
Aécio, irmã, primo e 5 parlamentares são alvos da PF por propina da JBS
“Aécio já prejudicou muito o PSDB, tem que dar um jeito nesse problema”, exige Tasso