A Polícia Federal espera encontrar nos arquivos do celular do general da reserva Ridauto Lúcio Fernandes informações e provas da atuação do grupo chamado “kids pretos” na tentativa de golpe do dia 8 de janeiro.
Ridauto, também conhecido como “menino maluquinho”, foi alvo de uma operação de busca e apreensão da Polícia Federal, na sexta-feira (29), durante as quais foram apreendidos seu celular, sua arma e seu passaporte.
O general da reserva participou dos atos golpistas e gravou vídeos no meio da multidão.
Segundo o jornal Folha de S.Paulo, a Polícia Federal suspeita que o celular de Ridauto possa ajudar a identificar as pessoas com balaclavas (uma espécie de touca que só deixa os olhos aparecendo) que estavam no meio da multidão em Brasília e ajudaram, com conhecimento militar, a invasão das sedes dos três Poderes.
Os “kids pretos”, ou “forças especiais”, seriam militares da ativa ou da reserva do Exército formados no Comando de Operações Especiais em Goiânia (GO), ou na 3ª Companhia de Forças Especiais, em Manaus (AM).
Esses militares, treinados para missões de alto risco e sigilo, como casos de terrorismo, guerrilha, insurreição e outros, aparecem nos depoimentos de diversas pessoas que foram presas nos dias 8 e 9 de janeiro por participação no atentado.
Eles davam instruções para os não militares que estavam participando da tentativa de golpe e arrumavam o terreno para a invasão.
Isso difere da narrativa dos bolsonaristas de que havia grupos infiltrados nos atos promovendo quebradeiras. Os grupos clandestinos estavam a serviço dos bolsonaristas para promover os atentados de 8 de janeiro.
Os depoimentos mostram que eles “criaram” uma escada a partir de gradis presos uns aos outros e orientaram as pessoas ao redor a usá-las para subir e descer do teto do Congresso Nacional.
Além disso, eles também usaram cordas com nós especiais e que dificilmente são feitos por leigos.
Dentro do Senado foram encontradas granadas “bailarinas”, que são usadas pelas forças especiais, levantando ainda mais a suspeita da participação desses militares no golpe.
Em setembro de 2022, o general Ridauto participou de podcasts e falou sobre o conhecimento das forças especiais em “guerras irregulares”.
“O movimento irregular é você recrutar pessoas que não são militares ou que têm o mínimo de experiência […], vai treinar e vai fazer com que eles se transformem em uma força de emprego em combate”, falou.
Esses militares recrutam “dissidentes e os descontentes” e dão instruções “para serem combatentes”. “Os forças especiais, a especialização deles é treinar esse pessoal, é saber fazer isso”, completou.