O ex-diretor da Dersa, estatal rodoviária paulista, Paulo Vieira de Souza – conhecido como “Paulo Preto” – foi preso nesta sexta-feira, na capital paulista, por ordem da juíza Maria Isabel do Prado, da 5.ª Vara da Justiça Federal de São Paulo.
Segundo a força-tarefa da Operação Lava Jato, “Paulo Preto”, entre 2009 e 2011, se apropriou de R$ 7,7 milhões, que estavam “destinados ao reassentamento de pessoas desalojadas” pelo trecho sul do Rodoanel, pelo prolongamento da avenida Jacu Pêssego e pela construção da Nova Marginal Tietê, na região metropolitana de São Paulo.
A Procuradoria da República denunciou o ex-diretor da Dersa à Justiça Federal por formação de quadrilha, peculato e inserção de dados falsos em sistema público de informação.
As investigações localizaram quatro contas de “Paulo Preto” na Suíça, onde estavam o equivalente a R$ 113 milhões. Essas contas foram abertas em 2007, por meio de uma offshore no Panamá. Em fevereiro de 2017, o dinheiro foi transferido para um banco nas Bahamas.
Também foram denunciados dois ex-funcionários da Dersa, José Geraldo Casas Vilella, ex-chefe do departamento de assentamento, e Márcia Ferreira Gomes, além da filha de “Paulo Preto”, a psicanalista Tatiana Arana Souza Cremonini.
“Ao todo, quase 1800 pessoas foram inseridas indevidamente nos programas de reassentamento das três grandes obras”, afirma a Procuradoria. Entre essas pessoas, havia seis empregadas da família de Paulo Preto, três babás e duas domésticas de sua filha Tatiana, e uma funcionária da empresa do seu genro.
Nenhuma dessas pessoas morava nos locais em que as obras deslocaram moradores.
Não era, porém, para beneficiar pessoas humildes que o esquema existia. A maior parte do dinheiro era entregue ao esquema armado por “Paulo Preto”.
A funcionária Márcia Ferreira Gomes confessou que a quadrilha criou uma área onde não havia moradores, no traçado do Rodoanel Sul, numa região conhecida como Royal Park, que ela batizou de área 66, para inserir os CPFs das pessoas para as quais criou os cadastros fictícios de desalojados pelo empreendimento.
A PF cumpriu mandados de busca e apreensão na residência de “Paulo Preto” e conduziu o operador do PSDB o Cadeião de Pinheiros, na zona Oeste da capital de São Paulo.