A Polícia Federal ouviu na terça-feira (18), em São Paulo, mais duas testemunhas no inquérito dos portos, que apura se Michel Temer (PMDB) editou, em 2017, um decreto para favorecer empresas portuárias em troca de propina, entre as quais a Rodrimar.
O primeiro a depor foi o advogado Adalberto Calil, que trabalhou no grupo da transportadora Júlio Simões por quase 30 anos. A investigação quer saber como foi a participação do grupo, que é dono da empresa JP Tecnolimp, com a Companhia de Docas do Estado de São Paulo (Codesp), estatal que administra o Porto de Santos.
JP Tecnolimp, que atua em serviços de limpeza, teve um contrato no valor de quase R$ 60 milhões com a Codesp, por um período de 15 anos. A PF suspeita que a empresa tenha como sócia oculta da Eliland do Brasil, apontada como firma de fachada usada por João Baptista Lima Filho, amigo de Temer, para “receber recursos indevidos de empresas do setor portuário”.
Operador financeiro de Temer, Lima é apontado na colaboração premiada à Justiça da JBS como intermediário de R$ 1 milhão de propina do peemedebista, vice de Dilma Rousseff.
O delegado Cleyber Malta Lopes, que conduz o inquérito, quer saber se o grupo Júlio Simões, por meio da JP Tecnolimp, realizou pagamentos indevidos para a Argeplan, empresa que pertence a Lima, ainda que de forma oculta.
Outra testemunha interrogada foi o advogado Gabriel de Carvalho Jacintho, suspeito de ter aberto a Eliland a pedido da Argeplan.
Os depoimentos continuaram na quarta-feira (18). Cleyber Malta Lopes intimou e ouviu dois executivos do grupo Pérola, que atua no Porto de Santos, além do advogado Flávio Calazans.
O primeiro depoimento foi de Ronaldo Torres, diretor financeiro do grupo Pérola, que foi intimado a depor depois que Flávio Calazans disse, em colaboração premiada, que seu escritório foi usado para lavar dinheiro de propina para Milton Lyra, apontado como operador do PMDB. A PF quer saber se o terminal pagou propina ao partido.
Calazans disse que o escritório dele repassou R$ 375 mil por meio de “contratos fictícios firmados entre o escritório de advocacia” e a empresa Pérola. Ele apresentou documentos desses repasses pela empresa.
A PF também intimou o gerente financeiro do Grupo Pérola, Naitomar Carvalho Muniz. A investigação quer saber se houve pagamento de propina da empresa para o PMDB.