Militante bolsonarista ameaçou ministros do Supremo e participou do ataque com fogos de artifício ao STF
A Polícia Federal prendeu na manhã desta segunda-feira (15) Sara Fernanda Giromini e mais cinco integrantes do grupo fanático “300 do Brasil” que se mantinha acampado até o último sábado na Praça dos Três Poderes, em Brasília. O mandado foi autorizado pelo ministro do STF Alexandre de Moraes.
Conhecida como Sara Winter – nome escolhido em homenagem à espiã nazista, amiga íntima de Adolf Hitler – a miliciana já havia ameaçado os ministros do Supremo Tribunal Federal, além de participar do ataque com fogos de artifício à sede da Corte na noite de sábado.
Durante toda a tarde de sábado (13) o bando, de cerca de 30 pessoas, protestou desarvoradamente na Esplanada dos Ministérios por ter seu acampamento desmontado pela Policia Militar do Distrito Federal a mando do governador, Ibaneis Rocha (MDB).
Num determinado momento, eles tentaram, inclusive, invadir o Congresso Nacional depois de subir a rampa que dá acesso à parte superior das duas casas. Foram impedidos pela polícia legislativa, acionada prontamente pelo presidente do Senado, senador David Alcolumbre (DEM).
Na noite do mesmo sábado, o grupo, que foi caracterizado pelo Ministério Público do DF, como “milicia armada’, organizou a encenação simbólica do ataque ao STF com fogos de artifício. Ao mesmo tempo em que atacavam a Corte os membros do grupo gritavam frases contra ministros do Supremo e contra o governador de Brasília.
Em uma entrevista à BBC Brasil, há alguma semanas, Sara Winter reconheceu a existência de armas entre os ativistas.
“Em nosso grupo, existem membros que são CACs (sigla para Colecionador, Atirador e Caçador), outros que possuem armas devidamente registradas nos órgãos competentes. Essas armas servem para a proteção dos próprios membros do acampamento e nada têm a ver com nossa militância”, afirmou na ocasião.
Em um vídeo gravado em frente ao STF em maio, Sara conclamou manifestantes a acamparem em frente à casa do ministro do STF Alexandre de Moraes. “A gente sabe onde o Alexandre de Moraes mora, a gente vai acampar lá na frente. Pessoal de São Paulo, saiam da Alesp [Assembleia Legislativa do Estado São Paulo], acampem na frente da casa do Alexandre de Moraes”, afirmou.
Em outra oportunidade esse mesmo grupo realizou uma manifestação de apoio a Bolsonaro durante uma madrugada carregando tochas, numa imitação de um evento nazista realizado na Alemanha em 1933, que ficou conhecido como “marcha das tochas”.
A manifestação macabra alemã aconteceu alguns dias após a tomada do poder por Adolf Hitler. A única diferença entre as duas manifestações é que a marcha nazista reuniu milhares de pessoas por lá, enquanto os fascistas acampados em Brasília não passavam de 30 gatos pingados. Alguns deles, não satisfeitos em se fantasiares só de nazistas, usaram também as roupas da Ku Klux Klan, organização racista dos EUA.
Diante de todas essas aberrações , o partido Democratas ao qual Sara Winter era filiada, anunciou recentemente a expulsão da militante bolsonarista de seus quadros “pelo descumprimento dos deveres éticos previstos estatutariamente”.
“É importante ressaltar que o Democratas repudia, de forma veemente, quaisquer atos de violência ou atentatórios ao Estado de Direito, ao Regime Democrático e às instituições brasileiras”, disse, em nota, ACM Neto, presidente do partido e prefeito de Salvador.
A PF agora investiga também quem estaria financiando a atuação de Sara Winter e de seu grupo que estava acampado em Brasília.
IRMÃO APOIA PRISÃO
Até mesmo o irmão da bolsonarista Sara Winter, Diego Giromini, de 37 anos, comemorou nesta segunda-feira (15) a prisão da militante. “É uma pessoa totalmente descontrolada, só quer aparecer na mídia”, afirmou sobre sua irmã em entrevista à coluna Painel, do jornal Folha de S. Paulo.
“Como sou brasileiro e eu quero um país melhor, a notícia foi extremamente positiva”, disse o irmão de Sara Winter. Para ele, sua irmã não pode viver em sociedade e já teria prejudicado sua família, a política e o país. “É uma sociopata. Não serve para nada. Ela tem a cabeça da Suzane von Richtofen”, afirma o irmão da chefe do movimento 300 do Brasil.
HISTÓRICO
Sara Winter é investigada pela Procuradoria-Geral da República, no âmbito do inquérito instaurado no fim de abril para apurar sua participação em frequentes manifestações antidemocráticas. Ela já tinha feito parte de uma organização nascida na Ucrânia, chamada “Femen”, que atuava em aliança com outros grupos fascista daquele país. Sara chegou a admitir ter sido treinada naquele país. Não é atoa que começaram a aparecer bandeiras fascistas ucranianas em manifestações de apoio a Bolsonaro em alguns estados como São Paulo e Brasília.
Como dissemos, o pseudônimo escolhido por ela não surgiu por acaso. Sarah Winter née Domville-Taylor foi o nome de uma espiã nazista britânica, membro da União Britânica dos Fascistas, que era uma “amiga chegada” de Hitler.
Sara Fernanda Giromini fundou o Femen Brasil, grupo que passou a macaquear por aqui as ucranianas no hábito de reverenciar o nazismo e fazer topless em atos políticos.
Em entrevista para a jornalista Mônica Bergamo, a ucraniana Inna Shevchenko disse sobre a adesão de Sara Winter ao grupo: “As pessoas têm direito ao passado. Aceitamos ex-prostitutas, ex-nazistas e ex-direitistas. O importante é que ela agora é uma de nós”. Bruna Themis, ex-companheira de Sara no Femen BR disse que “a Sara admira Hitler como pessoa. Ela disse que ele foi um bom marido, que amava os animais”. A matriz do grupo na Ucrânia integra as bases do neonazismo que há alguns anos derrubou o governo eleito do país europeu.
Militantes do Femen de Sara Winter usam a bandeira da OUN-UPA, organização fundada pelo nazista ucraniano e agente da SS, Stepan Bandera (Popel). A organização fazia parte batalhão da Waffen SS Galizien, que curiosamente ostentava o número “14” e que sabotou inúmeras eleições da Ucrânia socialista. Evgenia Krayzman, ativista do Femen ucraniano, postou uma foto posando triunfalmente em frente ao prédio em chamas da Casa dos Sindicatos em Odessa. O massacre vitimou 116 pessoas – mortos pelo incêndio e também a tiros, facadas, machadadas e espancamentos. Incluem-se nessa lista crianças, idosos e mulheres (entre elas, uma grávida estrangulada pelos fascistas no 3º andar do prédio).
Em vídeos divulgados em suas redes sociais, Sara Winter usa as mesmas ameaças fascistas de suas congêneres ucranianas. Ela fez ameaças públicas a Moraes. “Juro por Deus, essa era minha vontade. Eu queria trocar soco com esse filho da puta desse arrombado. Infelizmente, não posso”, disse Sara.
“Pena que ele [ministro] mora em São Paulo. Se ele estivesse aqui, eu estava lá na porta da casa dele, convidando ele para trocar soco comigo”, afirmou. “Você me aguarde, Alexandre de Moraes. O senhor nunca mais vai ter paz na vida do senhor. A gente vai infernizar a tua vida.”
A bolsonarista completa: “A gente vai descobrir os lugares que o senhor frequenta. A gente vai descobrir quem são as empregadas domésticas que trabalham para o senhor. A gente vai descobrir tudo da sua vida, até o senhor pedir para sair.”
Estes simpatizantes do nazista Hitler e do Bolsonaro, merecem uma punição exemplar, somente assim respeitarão a Constituição e a democracia não aceitamos regimes autoritários.