A força-tarefa da Lava-Jato realizou uma nova operação na manhã desta terça-feira (23), no Rio de Janeiro. O ex-secretário de obras da gestão Eduardo Paes (PMDB), Alexandre Pinto, foi preso em sua casa num condomínio de luxo na Taquara, na Zona Oeste.
Foram cumpridos seis mandados de prisão no Rio e em São Paulo, além de outros 21 de busca e apreensão. Além de prender o ex-secretário de Obras, a PF cumpriu mandados de busca e apreensão nas residências do ex-secretário de Conservação, Marcus Belchior Corrêa Bento e de seu subsecretário Marco Aurélio Regalo de Oliveira.
Vagner de Castro Pereira, ex-subsecretário e presidente da Comissão de Licitações da Secretaria municipal de Obras, e o doleiro Juan Luís Bertran Bittlonch também foram presos. Os mandados foram expedidos pela juíza substituta da 7ª Vara Criminal Federal, Caroline Vieira Figueiredo, já que o juiz Marcelo Bretas está de férias.
O operação desta terça é uma continuação da “Rio, 40 Graus”, autorizada pelo juiz Marcelo Bretas, e teve como base as delações de Luciana Salles Parente e Rodolfo Mantuano, ambos ex-executivos da Carioca Christiani-Nielsen Engenharia.
A investigação é sobre um esquema de propinas envolvendo obras do BRT TransBrasil, que teve custo de R$1,4 bilhão para a implementação. De acordo com os investigadores, o esquema era comandado por Alexandre Pinto.
Os suspeitos foram acusados de receber um total de R$ 35,51 milhões em propina decorrente das obras de um dos trechos do BRT Transcarioca, que liga o Aeroporto Galeão à Penha. Além da Carioca, fizeram parte do consórcio responsável pelas obras as empreiteiras OAS e Contern.
“As investigações revelaram que o consórcio foi formado por indicação de Alexandre Pinto, que solicitou a inclusão da TCDI, de propriedade de Wanderley Tavares da Silva, que por sua vez auxiliava na liberação de recursos do Ministério das Cidades para o município do Rio de Janeiro. Com isso, a Dynatest tinha participação de 80% no contrato e a TCDI de 20%”, diz nota do MPF.
A colaboração de Luciana Salles Parente, ex-integrante do conselho do consórcio formado pela OAS, Carioca Engenharia e Contern, homologada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). De acordo com a ex-executiva, o ex-secretário era beneficiário de 1% do contrato de R$ 500 milhões. O mesmo percentual era pago, segundo Luciana, a conselheiros do TCM, e outros 3% seriam pagos a fiscais do Ministério das Cidades. No total, diz Luciana, foram pagos, R$ 2 milhões em dinheiro vivo.
Eduardo Paes, que foi prefeito do Rio entre 2009 e 2017, afirmou que seu secretário de Obras, Alexandre Pinto é um servidor de carreira da Prefeitura do Rio e que “a política não teve qualquer relação com sua nomeação para a função de secretário de obras”. De acordo com Paes, caso sejam confirmadas as acusações, “será uma grande decepção o resultado dessa investigação”.