A Polícia Federal conseguiu acessar o celular e um HD do general Mauro Lourena Cid, envolvido no escândalo de venda de joias de Jair Bolsonaro, e vai aprofundar a investigação sobre a ligação entre ele e a organização criminosa.
Lourena Cid não forneceu as senhas do seu aparelho celular para a Polícia Federal, mas os peritos já conseguiram quebrar a segurança e acessar as informações.
Nas operações de busca e apreensão, a PF também conseguiu um HD, que será analisado.
Ele é pai do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, Mauro Cid, um dos articuladores do esquema criminoso, que tinha como objetivo encher os bolsos do ex-presidente.
Mauro Lourena Cid tem grande importância na investigação por ser amigo pessoal do ex-presidente Bolsonaro, tendo eles se formado juntos na Academia de Agulhas Negras (Aman).
Bolsonaro indicou Lourena Cid para um cargo na Agência Brasileira de Promoção de Exportações (Apex), em Miami, nos Estados Unidos.
Foi de lá que Mauro Lourena Cid participou do esquema criminoso. Ele recebeu joias, que foram presenteadas a Bolsonaro por países estrangeiros, e as levou em lojas especializadas para vendê-las.
Além disso, ele agiu como um “laranja” de Bolsonaro, recebendo um pagamento de US$ 68 mil (aproximadamente R$ 350 mil) da venda de dois relógios.
Em uma conversa, seu filho, Mauro Cid, disse que ele tinha US$ 25 mil, equivalente a R$ 120 mil, que deveriam ser entregues em dinheiro vivo e em mãos para o ex-presidente Bolsonaro;
“Tem vinte e cinco mil dólares com meu pai [Mauro Lourena Cid]. Eu estava vendo o que, que era melhor fazer com esse dinheiro levar em ‘cash’ aí. Meu pai estava querendo inclusive ir ai falar com o presidente (…) E aí ele poderia levar. Entregaria em mãos. Mas também pode depositar na conta (…). Eu acho que quanto menos movimentação em conta, melhor ne?”, falou Mauro Cid para outro assessor de Bolsonaro.
Outro celular vital para a investigação é o do advogado Frederick Wassef, que foi até os Estados Unidos para “recomprar” um relógio que Bolsonaro deveria entregar para a União.
Wassef não passou as senhas de acesso ao aparelho, mas a PF já conseguiu acessá-lo.
Um dos celulares de Wassef era usado somente para conversas com Jair Bolsonaro.
A Polícia Federal está atuando, autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em conjunto com os Estados Unidos na quebra de sigilos bancários de contas no país estrangeiro. Wassef e Lourena Cid têm contas que estão sendo investigadas.
Foi em uma conta nos Estados Unidos que Lourena Cid recebeu os US$ 68 mil em nome de Bolsonaro.