Ex-ministro é investigado pelas movimentações da PRF em locais onde Lula obteve maior votação no 1º turno. Objetivo era ajudar a campanha eleitoral decaída do ex-presidente
Mais uma prova material que houve tentativa de fraude nas eleições por parte do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A PF (Polícia Federal), finalmente, obteve as planilhas que teriam sido usadas pelo ex-ministro da Justiça do governo de Jair Bolsonaro (PL), Anderson Torres.
Torres, assim, teria usado essas informações para interferir na movimentação dos eleitores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), durante o segundo turno das eleições de 2022.
O documento, elaborado por orientação do ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, detalha os locais em que Lula venceu no primeiro turno.
Partes das planilhas foram compartilhadas pelo blog da jornalista Andréia Sadi, no G1, e confirmadas por investigadores da PF como partes do inquérito que corre sob sigilo.
O material serviu para que Anderson Torres colocasse em curso operação da PRF (Polícia Rodoviária Federal) na tentativa de atrapalhar a chegada dos eleitores petistas aos locais de votação.
VISITA A SALVADOR ÀS VÉSPERAS DO 2º TURNO
Em Salvador, na Bahia, onde Anderson Torres teria feito visita à superintendência da PF, por exemplo, onde ele viajou às vésperas do segundo turno, Lula recebeu 67% dos votos (1.022.728), enquanto Bolsonaro 24% (367.452).
Coluna da planilha detalha o número de pessoas que não votaram em Lula ou Bolsonaro, na capital baiana, foram 240.434 eleitores.
A viagem de Torres à Bahia também é investigada pela PF. Na justificativa oficial, o ex-ministro alegou que foi até o Estado discutir reforços nas equipes policiais para combater crimes eleitorais. De acordo com as investigações, ele solicitou ampliação de operações visando o transporte coletivo de eleitores.
ABORDAGENS MIRARAM ELEITORES DE LULA
No segundo turno das eleições, as abordagens da PRF, em ônibus, foram 70% maiores do que no primeiro turno. No entanto, o procedimento contra veículos de transporte de passageiros havia sido proibido pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) e presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Alexandre de Moraes.
Por todo o Nordeste, a movimentação da PRF chamou atenção do eleitorado. Somente em Alagoas, 82 ônibus foram parados pelos policiais.
Segundo Andréia Sadi, a defesa de Torres quer usar as tabelas para alegar que o levantamento foi feito com ambos os candidatos.
CADEIA DE COMANDO
As planilhas foram elaboradas por Clebson Ferreira de Paula Vieira a pedido de Marília Alencar, então Diretora de Inteligência do Ministério da Justiça, Marília Alencar.
À PF, Marília disse que o levantamento foi encomendado pelo próprio Anderson Torres para, segundo ela, avaliar se havia indícios de compra de voto no pleito.
Ela disse, em depoimento à PF, que considerou “absurdo” e ficou “surpresa” com as informações de que a PRF estava parando eleitores no dia do segundo turno das eleições.
AUTOR DEU ACESSO A CELULAR E DADOS DE E-MAIL
A PF ouviu Clebson Vieira em 12 de fevereiro. No dia seguinte, segundo documentos obtidos pela imprensa, ele procurou a PF para informar que tinha encontrado outros documentos que poderiam ser de interesse da investigação, armazenados na nuvem.
Além desses dados, os investigadores tiveram acesso às mensagens de WhatsApp do celular do servidor.
Segundo apuração, a PF quer ouvir os delegados da PF, Alfredo Carrijo, Tomas Vianna e Fernando Oliveira.
M. V.