
Na casa havia um verdadeiro arsenal de guerra. Jefferson atirou 60 vezes e usou 3 granadas, diz o laudo. Bolsonaro enviou ministro da Justiça para ajudar o criminoso
A Polícia Federal, que foi atacada com mais de 50 tiros de fuzil e pelo lançamento de 3 granadas pelo presidiário Roberto Jefferson no domingo (23), apontou indícios de que o bolsonarista premeditou a reação violenta que feriu dois agentes da corporação. Foi encontrado um verdadeiro arsenal na casa do aliado de Bolsonaro.
Os investigadores ainda tentam identificar se Jefferson fez o vídeo xingando a ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal, de propósito para provocar sua prisão ou se a premeditação ocorreu após a repercussão. Jefferson está preso em flagrante acusado de quatro tentativas de homicídio qualificado.
Uma coisa é certa. Não há dúvida de que Roberto Jefferson pretendia alterar o rumo das eleições com a sua iniciativa. Ele provocou a ministra Cármen Lúcia pelo fato dela ter votado contra a disseminação ilegal de mentiras pela internet. O método vem sendo usado por Bolsonaro com intuito de tumultuar as eleições.
Ele queria transformar a sua prisão numa grande encenação onde ele se passaria por vítima e incendiaria o país. Não deu certo. Os tiros saíram pela culatra. O país inteiro repudiou a ação que resultou no ferimento de dos agentes da PF.

A prisão de Jefferson demorou oito horas porque Jair Bolsonaro interveio em seu favor enviando o ministro da Justiça até o local do ataque. Representantes da PF disseram que o envio do ministro quebrou todos os protocolos da corporação. Não havia motivo para o envio do ministro a não ser interceder em favor do criminoso.
A perícia encontrou marcas de 60 tiros no local. Em seu depoimento o bolsonarista tinha feito referência a 50 disparos. No local havia também um tripé usado para gravações de imagens e rolos de fita adesiva utilizada nas granadas que foram atiradas contra a polícia.
A primeira manifestação de Bolsonaro diante das informações de que seu aliado havia ferido dois policiais federais, foi de crítica tanto à reação de Jefferson como às decisões do STF. Ele disse em nota que os inquéritos eram ilegais. Horas depois, após a repercussão negativa do caso, ele passou a chamar o aliado de “bandido” e, depois que todo o Brasil já tinha feito, ele foi obrigado a prestar solidariedade aos policiais feridos.

Nos dias que se seguiram ao atentado, Bolsonaro tentou se desvencilhar do aliado. Disse que não tinha nenhuma relação com ele e chegou a afirmar que nunca tinha tirado nenhuma fotografia ao lado de Jefferson. A afirmação foi motivo de piadas e memes nas redes sociais já que havia dezenas de fotos de Bolsonaro ao lado de seu aliado. O país inteiro sabe da íntima aliança ente os dois.
Só para se ter uma ideia, há muitos anos, Eduardo Bolsonaro, ates de se eleger, tinha um cargo fantasma, com salário de R$ 10 mil, na liderança do PTB em Brasília, quando Jefferson era deputado pelo partido.
A tentativa de se desvencilhar da ligação entre os dois foi motivada pelo estrago que o episódio causou na campanha de Bolsonaro.
Os policiais foram, à casa de Jefferson porque ele havia descumprido medidas impostas pelo STF em uma ação penal em que ele é réu sob acusação de calúnia, incitação ao crime e dano ao patrimônio público. Ele estava proibido de dar entrevistas, receber visitas e usar redes sociais.
Como ele descumpriu todas essas determinações e recebeu aliados em sua casa, atuou na campanha de Bolsonaro e atacou a ministra através de um vídeo divulgado nas redes sociais, foi determinada a reversão da prisão domiciliar e a sua volta para o xilindró.
Jefferson tinha uma licença de CAC (Colecionador, Atirador e Caçador) suspensa por estar respondendo a processo. Ele estava em prisão domiciliar. Na casa em que ele estava preso foram encontradas todas essas armas e munições. O arsenal, que inclui armas exclusivas das Forças Armadas, não podia estar em posse do criminoso. O Exército vai abrir uma investigação para esclarecer a presença destas armas na casa do aliado de Bolsonaro.