O superintendente da Polícia Federal no Amazonas, Alexandre Saraiva, enviou ao Supremo Tribunal Federal (STF) uma notícia-crime contra o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e o senador Telmário Mota (Pros-RR), por obstruir ou dificultar “ação fiscalizadora do Poder Público em questões ambientais”.
A ação também acusa o ministro e o senador de integrarem organização criminosa e exercerem advocacia administrativa.
Segundo a notícia-crime – instrumento usado para alertar uma autoridade policial ou o Ministério Público da ocorrência de um ilícito -, o ministro e o senador, “de forma consciente e voluntária, e em unidade de desígnios, dificultam a ação fiscalizadora do Poder Público no trato de questões ambientais, assim como patrocinam interesses privados (de madeireiros) e ilegítimos perante a administração pública, valendo-se de suas qualidades de funcionários públicos”.
A ação também cita o presidente do Ibama, Eduardo Bem, como aliado do ministro e do senador na questão, mas não pede ao STF investigação sobre ele.
A ação refere-se à atitude do ministro Ricardo Sales e do senador à operação Handroanthus (nome científico do Ipê, a árvore mais cobiçada por organizações criminosas na Amazônia), da Polícia Federal, que no fim do ano passado, em uma ação histórica, apreendeu mais de 200 mil metros cúbicos de madeira ilegal na região Amazônica, no valor de R$ 130 milhões.
O ministro se manifestou abertamente contrário à operação, defendeu a “legalidade” do material apreendido e a sua liberação aos criminosos, e até se reuniu com os madeireiros, se aliando a eles e defendendo em redes sociais uma solução rápida para o caso.
Para o delegado, Saraiva, Salles e Telmário se aliaram ao setor madeireiro “no intento de causar obstáculos à investigação de crimes ambientais e de buscar patrocínio de interesses privados e ilegítimos perante a Administração Pública”.
Rebatendo o argumento do ministro de que as terras de onde a madeira foi extraída é legal e sua retirada, autorizada, o delegado afirma que isso é mentira e que as terras são derivadas de grilagem.