Eduardo Naime foi preso por determinação do ministro do STF Alexandre de Moraes logo após os atos golpistas de 8 de janeiro, em Brasília
A Procuradoria-Geral da República (PGR) enviou ao Supremo Tribunal Federal (STF) parecer favorável à manutenção de prisão do coronel Jorge Eduardo Naime, ex-comandante do DOP (Departamento de Operações) Polícia Militar do Distrito Federal.
Naime foi preso por determinação do ministro do STF, Alexandre de Moraes, logo após os atos golpistas de 8 de janeiro, em Brasília.
O parecer da PGR foi enviado para subsidiar o pedido de soltura feito na semana passada pela defesa de Naime. Para o subprocurador Carlos Frederico Santos, chefe da investigação sobre os atos golpistas, a concessão de liberdade ao coronel representa riscos às investigações.
SEM EFEITO DOMINÓ
O pedido de liberdade de Jorge Naime foi feito após Moraes mandar soltar o ex-ministro Anderson Torres, que também é investigado. A defesa argumenta que o coronel é investigado pelos mesmos fatos que Torres e não há sentido na manutenção da prisão dele.
“Todos os policiais militares que supostamente estariam envolvidos nos acontecimentos do dia 8 de janeiro último já foram ouvidos, inexistindo presumida influência que Naime teria sobre os demais”, argumentou a defesa.
Não há prazo para Moraes decidir se o coronel será solto, pois ele está em prisão preventiva, quando não há data determinada para soltura do preso.
EIS OS FATOS
A PF (Polícia Federal) prendeu, dia 7 de fevereiro, pela manhã, o ex-chefe do DOP da PMDF, coronel Jorge Eduardo Naime. O militar era responsável pela corporação no dia dos ataques golpistas de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) à Praça dos Três Poderes. Ele é investigado por suspeitas de omissão no planejamento dos atos.
Ele foi afastado do cargo pelo ex-interventor federal Ricardo Cappelli, dia 10 de janeiro, dois dias após os ataques.
O militar tinha pedido folga do trabalho às vésperas dos ataques golpistas e estava fora capital federal no momento dos atos golpistas, precisando ser chamado às pressas para conter os invasores.
O militar fez a solicitação de folga dia 3 de janeiro. No pedido, o oficial demandava a dispensa até 8 de janeiro. A aprovação do pedido foi assinada dia 5 pelo gabinete do então comandante-geral da PMDF, Fábio Augusto Vieira. Vieira foi exonerado e preso por suspeita de omissão, mas depois o ministro do STF Alexandre de Moraes revogou sua prisão.
Além de Naime, o ex-secretário de Segurança do DF, Anderson Torres, também estava ausente da capital federal no dia dos atos golpistas que questionavam o resultado das eleições presidenciais de 2022. Torres foi exonerado e estava em prisão preventiva em Brasília. Foi transferido para prisão domiciliar, com uso de tornozeleira.
M. V.