
A Procuradoria-Geral da República (PGR) afirmou, em documento enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), que o ex-ministro da Educação, Milton Ribeiro, se reuniu pelo menos 18 vezes com os pastores Arilton Moura e Gilmar Santos, que tinham um esquema de “cooptação de prefeitos” para “assuntos relacionados ao Ministério da Educação”.
“De tudo o que foi apurado até o momento, percebemos que Arilton tinha, sim, participação ativa junto a prefeitos no que diz respeito a assuntos relacionados ao Ministério da Educação”, diz o relatório.
Arilton Moura “foi citado pelos prefeitos de Jaupaci-GO, Jandira-SP e Luis Gonzaga-MA, em algo que chamamos de ‘cooptação de prefeitos’, sendo uma de muitas outras participações dessa personagem no contexto dos crimes aqui investigados”, acrescenta.
Arilton Moura agia em nome do Ministério da Educação, com aval do ministro Milton Ribeiro e de Jair Bolsonaro, cobrando propina para que verbas públicas fossem liberadas para os municípios.
O relato de alguns prefeitos confirmam que Arilton Moura, junto com o pastor Gilmar Santos, exigia o pagamento de R$ 40 mil em propina. Em outros casos, como na cidade de Luís Domingues (MA), a dupla pediu um quilo de ouro.
A PGR aponta que o prefeito o prefeito de Luís Domingues, Gilberto Braga (PSDB), chegou a se reunir com Milton Ribeiro, no próprio Ministério da Educação, em abril de 2020, “e, após a reunião, em um almoço em restaurante em Brasília, Gilmar Silva dos Santos cobrou-lhe uma soma em dinheiro para protocolar no MEC seus pedidos. E que após a liberação dos recursos pelo Ministério deveria pagar-lhe ‘1 quilo de ouro’”.
O relatório de mais de 300 páginas foi obtido pelo Correio Braziliense, que publicou trechos.
A PGR apontou no documento que o ex-ministro Milton Ribeiro se reuniu 18 vezes com os pastores Gilmar e Arilton em um período de 15 meses. “Gilmar Silva dos Santos e Arilton Moura teriam se reunido com o ministro da Educação por 18 vezes nos últimos 15 meses, além de haver menção de viagens domésticas na companhia do ministro”, registrou a PGR.
Os três foram presos pela Polícia Federal na semana passada por conta desses crimes, mas foram soltos por uma decisão judicial. Milton Ribeiro é investigado pelos crimes de corrupção passiva, prevaricação, advocacia administrativa e tráfico de influência.
Ele foi gravado, quando ministro, admitindo que enviava dinheiro público para as cidades que eram indicadas pelos pastores Arilton e Gilmar por um “pedido especial” de Bolsonaro.
Uma gravação de uma ligação que teve com sua filha mostra que Milton Ribeiro foi alertado por Jair Bolsonaro, que teve “pressentimentos”, que seriam realizadas operações contra ele.
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