
Governador era identificado por apelidos como “Pé”, “Pzão”, “Bigfoot” e “Pezzone”
A Procuradora-geral da República, Raquel Dodge, denunciou o governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (MDB) ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) por crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa, nesta quarta-feira (19).
Pezão está preso desde 29 de novembro na Operação Boca de Lobo, um desdobramento da Lava-Jato no Rio. Além do governador, outras 14 pessoas são alvo da denúncia.
De acordo com a denúncia as práticas ilegais iniciaram em 2007, quando Sérgio Cabral assumiu o governo do estado e Pezão era o vice governador. As investigações indicam que empresas envolvidas no esquema repassavam 5% dos valores combinados aos políticos que integravam o governo. Pezão não só teria se beneficiado do esquema, como “criou e manteve” um outro mecanismo próprio para o recebimento de propina, sucedendo Cabral na chefia da quadrilha.
Segundo Dodge, o pagamento de vantagens indevidas se repetiu na maioria das obras de construção civil executadas pelo Estado na última década, com desvios tanto de recursos federais, quanto estaduais. Ela também pediu que eles sejam obrigados a pagar indenização por danos morais no valor de R$ 39,1 milhões, e que seja decretada a perda da função daqueles que estiverem ocupando cargos da Administração Pública.
Como o judiciário entra em recesso nesta quinta-feira (19), dificilmente Pezão será julgado ainda como governador do Rio.
No caso específico da denúncia apresentada nesta quarta-feira, as investigações tiveram como ponto de partida declarações fornecidas por Carlos Miranda, um dos operadores financeiros do esquema, ligado a Sergio Cabral e Pezão. Com o avanço das apurações do esquema criminoso liderado, neste caso pelo governador Pezão – foi deflagrada, no fim de novembro, a Operação Boca de Lobo.
Pezão recebeu “por 85 vezes vantagens indevidas, consistente no pagamento de dinheiro, em espécie, de origem ilícita”, de acordo com a denúncia.
Por integrar a quadrilha, pezão recebia uma mesada de R$ 150 mil, com direito a 13º, pasmem.
Na denúncia, a comprovação dos pagamentos é feita por meio de depoimentos, materiais apreendidos em endereços ligados a integrantes do esquema e outros decorrentes de quebras de sigilos autorizadas pela Justiça. Faz parte das provas bilhetes em que o governador era identificado por apelidos como “Pé”, “Pzão”, “Bigfoot” e “Pezzone”.
CONTINUAÇÃO
Dodge aponta na petição que a destinação final dada ao dinheiro ainda não é de conhecimento da Procuradoria, por isso ela enviou em conjunto uma carta, na qual explica ao relator do caso que não foi possível esgotar a apuração de todos os fatos descobertos ao longo do processo investigativo e pede a continuidade das investigações com a instauração de um novo inquérito.
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