O procurador-geral da República, Paulo Gonet, em manifestação ao Supremo Tribunal Federal (STF), posicionou-se contra o pedido de revogação da prisão preventiva do general Mário Fernandes, ex-secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência da República.
Mário Fernandes é apontado pela Polícia Federal (PF) como o executor do plano para assassinar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Segundo Paulo Gonet, a defesa de Mário Fernandes não apresentou motivos novos que fundamentem a soltura do general.
“A situação fática e jurídica que autorizou a decretação da prisão preventiva de Mário Fernandes mantém-se inalterada, não havendo nos autos fato novo capaz de modificar o entendimento já proferido pelo eminente ministro relator na decisão”, assinalou o procurador-geral.
O general foi preso durante uma operação da Polícia Federal no mês passado, que resultou na captura de outros quatro elementos ligados à trama golpista. Ele era muito ligado a Bolsonaro.
Segundo a PF, ele era integrante das Forças Especiais do Exército, os chamados “kids pretos”, assim apelidados por usarem um gorro preto.
O plano para matar Lula, Alckmin e Moraes foi arquitetado na casa e aprovado por Braga Netto, ex-ministro da defesa e Casa Civil, além de ter sido vice na chapa de Bolsonaro nas eleições presidenciais de 2022.
O plano denominado “Punhal Verde Amarelo”, segundo a investigação da PF, previa o uso de veneno e explosivos com o objetivo de assassinar as autoridades eleitas e o ministro Alexandre de Moraes, então presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Moraes chegou a ser monitorado para ser sequestrado e morto, mas o plano foi abortado na última hora por falha na preparação do crime.
A Polícia Federal teve acesso aos documentos utilizados no planejamento, que foram impressos dentro do Palácio do Planalto.
“O documento traz em formato de tópicos o planejamento de uma operação clandestina, com demandas de reconhecimento operacional a serem realizadas, demandas para preparação e condução da ação (recursos necessários), demandas de pessoal a ser utilizado e condições de execução”, relatou a PF.
O grupo já estava realizando “ações de reconhecimento” nos locais em que Alexandre de Moraes transitava, “apresentando algumas dificuldades em relação ao comboio e aos protocolos de segurança do alvo”.
Em um trecho, o documento descreve os “danos colaterais passíveis e aceitáveis”, como 100%. Isto é, que era aceitável dentro do plano assassinar todas as pessoas que estivessem com Alexandre de Moraes.
“Ou seja, claramente para os investigados a morte não só do ministro, mas também de toda a equipe de segurança e até mesmo dos militares envolvidos na ação era admissível para cumprimento da missão de ‘neutralizar’ o denominado ‘centro de gravidade’, que seria um fator de obstáculo à consumação do golpe de Estado”, descreveu a PF.
O documento golpista ainda descrevia as ações que seriam realizadas para identificar o aparato de segurança de Moraes, como seguranças e veículos blindados, assim como as armas e outros equipamentos necessários para o assassinato.
Além disso, descrevia a quantidade mínima de pessoas para o golpe e uma análise dos riscos que estavam sendo tomados. Os golpistas pensaram em usar uma bomba e, até, envenenar Moraes “em evento público” dos alvos.
CAIXA DE VINHO
Braga Netto entregou, dentro de uma caixa de vinho, dinheiro para financiar a trama do assassinato de Lula, Geraldo Alckmin e Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, contou em depoimento à PF que Braga Netto se reuniu, nos últimos meses do governo Bolsonaro com os “kids pretos”, em uma residência oficial da Presidência para entregar-lhes o dinheiro.
Durante esse encontro, Braga Netto passou o dinheiro escondido dentro de uma embalagem para guardar vinhos.
Cid ainda relatou que o então presidente Jair Bolsonaro recebia informes diários diretamente de Braga Netto sobre o plano de assassinatos.