Resultado foi impulsionado pela agropecuária (21,6%). Já o setor de serviços, que tem o maior peso no indicador, variou apenas 0,6%. A indústria de transformação recuou 0,1% no período e investimentos caíram 3,4%. Consumo das famílias registrou fraca demanda: 0,2%
O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 1,9% no primeiro no trimestre deste ano, na comparação com o quarto trimestre de 2022, período que obteve uma queda de -0,1%. Os dados sobre a soma de todos os bens e serviços produzidos no país, e principal indicador usado para medir a evolução da economia, divulgados nesta quinta-feira (1) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelam que o resultado dos primeiros três meses deste ano foi apartado da Indústria, Comércio, Serviços, além do Consumo das famílias e Investimentos, que tiveram no período péssimos desempenhos.
O resultado do primeiro trimestre de 2023 deu-se particularmente pela agropecuária, que teve uma alta de 21,6% no período, a maior alta para o setor desde o quarto trimestre de 1996. Desempenho relacionado à safra recorde de grãos em 2023, que normalmente se concentra no início do ano. Nas demais categorias apuradas pelo instituto, os números são alarmantes. A indústria recuou -0,1%, com destaque para a queda de -0,6% na Indústria de Transformação e de 0,8% na de Construção; Comércio variou 0,3%; e serviços apenas 0,6%.
Ao comentar o resultado do PIB, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que é preciso “cautela”. Ele destacou que “o agro veio muito forte” e disse que “é preciso começar a pensar em 2024”.
Já o presidente Lula comentou o resultado do PIB em mensagem no Twitter: “Resultados que comprovam que nosso país já está melhorando. E vamos seguir trabalhando para distribuir esse crescimento com o povo brasileiro”.
Lula, ao lado do setor produtivo, vem defendendo a redução dos juros impostos pelo Banco Central. “É uma excrescência para este país as taxas de juros de 13,75%”, declarou em evento no Dia da Indústria sobre os juros que vêm asfixiando, não só o setor produtivo, mas também o consumo das famílias e do próprio governo.
Como apontou a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), ao analisar o resultado do PIB do primeiro trimestre deste ano, “a queda do PIB industrial é reflexo da alta taxa de juros e de condições financeiras restritivas”. A indústria representa 23,9% da economia.
“A produção industrial continua 1,3% defasada em relação ao nível pré-pandemia e segue apresentando fraco dinamismo. Neste cenário, o PIB da indústria de transformação apresentou a terceira queda consecutiva e a sétima redução nos últimos dez trimestres”, destacou a entidade.
DEMANDA FRACA
Os números da Indústria, Comércio e Serviços correspondem basicamente a fraca demanda de consumos de bens e serviços no país. Nos três primeiros meses de 2023, o consumo das famílias (+0,2%) e o consumo do governo (+0,3%) tiveram crescimento próximo de ZERO.
O IBGE também divulgou que os investimentos tombaram 3,4% nos três meses iniciais de 2023. Isto, quando a Formação Bruto de Capital Fixo (FBCF), que mede o que investe o país em bens de capital, máquinas, equipamentos e material de construção e outros, já havia caído 1,3% no quarto trimestre do ano passado.
A taxa de investimento (FBCF/PIB) no primeiro trimestre de 2023 foi de 17,7%, abaixo do observado no mesmo período do ano anterior (18,4%).
Estes indicadores correspondem à política monetária contracionista do Banco Central (BC), liderado por Campos Neto, com sua taxa de juros escorchantes de 13,75% ao ano, como apontou Lula. Se os juros não forem reduzidos, os próximos trimestres não irão sustentar o resultado do primeiro trimestre deste ano, baseado em um setor que representa 7,9% da economia. De acordo com o IBGE, a evolução do PIB no geral acompanha sempre os serviços e o consumo das famílias, pelo maior peso que têm no cálculo. Em 2022, os serviços responderam por 68,2% da economia, pelo lado da oferta. Já o consumo das famílias foi de 63,1% da economia, pelo lado da demanda.
Frente ao mesmo trimestre de 2022, o PIB cresceu 4,0%. No acumulado dos quatro últimos trimestres, o PIB subiu 3,3% ante os quatro trimestres imediatamente anteriores, segundo o IBGE.
Em valores correntes, o PIB no primeiro trimestre de 2023 totalizou R$ 2,6 trilhões.