Crescimento nas exportações leva a superávit no comércio exterior é recorde: US$ 1 trilhão e contribui para o país atingir a meta proposta pelo governo sob a direção de Xi Jinping
O produto interno bruto da China expandiu 5% em 2024 – atingindo a meta de crescimento anual proposta pelo presidente Xi Jinping -, impulsionada por uma série de medidas que entraram em vigor gradualmente no ano passado e pela expansão recorde das exportações, dados oficiais mostraram na sexta-feira (17). O PIB chegou a 134,9 trilhões de yuans (US$ 18,4 trilhões) em 2024, de acordo com o Bureau Nacional de Estatística.
É um crescimento quase o dobro do dos Estados Unidos e mais de quatro vezes a média do G7, com a China, novamente, dando individualmente a maior contribuição entre todos os países para o crescimento global, 30%. Em valor agregado, a produção industrial da China cresceu 5,8% ano a ano em 2024, último ano de execução do 14º Plano Quinquenal.
No comércio mundial, a China atingiu um superávit de quase US$1 trilhão de dólares, em 2024, de acordo com dados divulgados na semana passada. Um recorde histórico de exportações e de superávit. As exportações tiveram crescimento de 7,1% anual, US$ 3,58 trilhões de dólares. Importações tiveram um aumento de 2,3% anual, de US$ 2,59 trilhões.
Em 1995, a China tinha apenas 3% das exportações mundiais de manufaturados, no início do mandato de Biden, sua participação havia subido para mais de 30%.
PROGRESSO CONSTANTE COM CORTES NOS JUROS
Os principais objetivos e tarefas do desenvolvimento econômico e social foram alcançados com sucesso, registrou em editorial o Global Times, que destacou que o BNE em sua avaliação do desempenho econômico da China em 2024 usou cinco vezes o termo “arduamente conquistado”, numa referência à “situação complexa e severa de crescente pressão externa e dificuldades internas do ano passado” e às medidas de estímulo tomadas por Pequim. Corte nas taxas de juro, redução dos percentuais obrigatórios de reserva dos bancos, alocação antecipada de bilhões do orçamento de 2025 para projetos de construção, aumento do salário dos servidores públicos, programa de troca de bens de consumo subsidiado e alívio para os governos locais e desenvolvedores imobiliários.
“A economia nacional foi estável em geral, com progresso constante, e foram alcançados novos avanços no desenvolvimento de alta qualidade”, apontou o relatório do Bureau Nacional de Estatísticas.
“Em especial, com um pacote de políticas gradativas implementadas oportunamente, a confiança social foi realmente fortalecida e a economia se recuperou de forma notável”, indicou o relatório.
NOVO NÍVEL
Como disse o chefe do NBS, Kang Yi, na conferência de imprensa, isso significa que “a força econômica, a força científica e tecnológica da China e o poder nacional abrangente saltaram para um novo nível”. Significa também que o desenvolvimento do país assenta “numa base mais sólida, em melhores condições, bem como com mais dinamismo e maior resistência aos riscos”.
A política chinesa de intensificar sua participação na alta tecnologia e na inovação (os “novos motores do crescimento”), ao mesmo tempo em que acelera a modernização das indústrias tradicionais, deu grandes frutos. A produção da China de veículos elétricos (nova energia), circuitos integrados e robôs industriais cresceu respectivamente 38,7%, 22,2% e 14,2%, enquanto o investimento em indústrias de alta tecnologia cresceu em 8 por cento. Ainda, a China, que em 2023, tinha se tornado o maior exportador de veículos do planeta, superando o Japão, consolidou em 2024 essa marca.
Registre-se que a China é o único país com indústrias em todas as categorias na classificação industrial da ONU e, na prática, é aquele que está criando a tecnologia para dar conta da mudança de matriz energética, em curso no mundo devido à crise ambiental, como placas solares, baterias e veículos elétricos, além do desenvolvimento de áreas de ponta como na computação quântica e na Inteligência Artificial.
“A China consolidou seu status como o maior exportador de mercadorias do mundo”, disse Wang Lingjun, vice-chefe da Administração Geral das Alfândegas para a imprensa. A China atualmente é a maior parceira comercial de mais de 150 países, incluindo o Brasil. Números que evidenciam a fragilidade das políticas dos EUA e seus vassalos centrais de sabotarem o crescimento da economia da China com sanções, barreiras alfandegárias e outras artimanhas.
Já as vendas no varejo, uma medida-chave dos gastos do consumidor, cresceram 3,5% no ano, enquanto as vendas no varejo em dezembro aumentaram 3,7% em relação ao crescimento de 3% registrado um mês antes. O investimento em ativos fixos – um indicador de despesas em infraestrutura, máquinas e equipamentos – aumentou 3,2% em 2024. A taxa de desemprego urbano chegou a 5,1% em dezembro, contra 5% em novembro, de acordo com o BNE.
Frente a esse resultado, e ignorando a situação lastimável do G7, a mídia imperial incessantemente alega que a China está à beira do colapso, segundo uns por causa da “perda do bônus demográfico”, para outros, por causa do setor imobiliário, do “subconsumo”, do “excesso de capacidade” ou por causa do “desemprego juvenil”. Ou prestes à “japonização”, ainda que ninguém diga como Washington vai impor a Pequim um acordo de Plaza 2.0.
ESTATAIS
Como destaca o economista marxista britânico Michael Roberts, “as indústrias mais importantes da China são administradas por empresas estatais: finanças, energia, infraestrutura, mineração, telecomunicações, transporte e até mesmo algumas manufaturas estratégicas. O capital total das empresas com algum nível de propriedade estatal na China é de 68% do capital total de todas as empresas (40 milhões). A grande maioria das empresas chinesas na lista Fortune Global 500 são empresas estatais. As empresas estatais geram pelo menos 25% do PIB da China nas estimativas mais conservadoras, e outros estudos descobriram que elas contribuem para 30-40+% do PIB”.
Ele também lembrou que, enquanto a taxa de juros do Fed está em 4,5%, na China, é 3%. A renda média real disponível nos EUA está estável desde 2019, enquanto aumentou 20% na China.
Sobre o “desafio demográfico”, Roberts observou que a população da China com menos de 20 anos, com 23,3%, ainda é consideravelmente maior do que suas contrapartes asiáticas (16-18%) e não muito atrás dos EUA (25,3%) e da Europa (21,9%). A população de 65 anos ou mais do país, com 14,6%, também é menor do que a do mundo desenvolvido (20,5%).
MAIORES VENDAS GLOBAIS DE PRODUTOS NO VAREJO
Sobre a “fraqueza de consumo” na China, uma revisão feita pelo portal Unz observou que a China tem as maiores vendas globais de produtos no varejo, 20% maiores que os EUA, com valor em dólares sem ajuste pelo poder de compra. As vendas de automóveis na China foram de 30 milhões de unidades em 2023, em comparação com 15 milhões nos EUA. 13 milhões de unidades residenciais foram vendidas na China em 2023 (após 3 anos de crescimento negativo) em comparação com 4 milhões vendidos nos EUA.
Ainda segundo essa revisão “os consumidores chineses gastam muito menos em itens de serviço caro – aluguel (a casa própria na China é superior a 90% em comparação com 60% nos EUA), saúde (em grande parte gratuita ou fortemente subsidiada) e educação (é pública gratuita até a universidade e pós-graduação)”.
A China responde por 30% das vendas globais de bens de luxo segundo Unz, mesmo em crise econômica, é o dobro dos EUA. A China é o maior país de turismo de saída, com 200 milhões de viagens de saída feitas por ano. Consome 1/3 da eletricidade gerada no mundo, atingindo 8000 terawatts-hora no ano passado, em comparação com 4000 terawatts-hora para os EUA.”