
A economia da China registrou um sólido crescimento de 5,2% no primeiro semestre de 2025, de acordo com dados divulgados pelo Departamento Nacional de Estatísticas (DNE) nesta terça-feira (15), demonstrando a forte resiliência da segunda maior economia do mundo, apesar de um ambiente global complexo – este, um comentário muito chinês do Global Times sobre o tarifaço e unilateralismo do governo Trump.
Somente no segundo trimestre, a economia expandiu 5,2% em comparação com o mesmo período do ano passado, diminuindo ligeiramente em relação ao crescimento de 5,4% registrado no primeiro trimestre. Esse resultado no 1º semestre mantém a China no rumo para atingir sua meta anual de crescimento de cerca de 5 por cento.
“Com as políticas macroeconômicas mais proativas e eficazes entrando em vigor no primeiro semestre do ano, a economia nacional manteve um crescimento estável com bom impulso, mostrando forte resiliência e vitalidade”, disse Sheng Laiyun, vice-chefe do DNE, em entrevista coletiva. Ele observou ainda que os indicadores econômicos apresentaram um desempenho melhor do que o esperado.
“O desempenho econômico da China este ano marca uma recuperação notável e um impulso ascendente”, disse Xi Junyang, professor da Universidade de Finanças e Economia de Xangai, ao Global Times. Ele atribuiu a melhora em grande parte a políticas macroeconômicas mais robustas, apontando para uma série de medidas de flexibilização monetária, incluindo várias reduções nas taxas de juros e taxas de compulsório. O especialista também observou um aumento acentuado nos gastos fiscais como um fator contribuinte.
O crescimento do PIB no primeiro semestre reflete a forte resiliência da economia da China, sustentada por seu sistema industrial abrangente e vasta capacidade de mercado – ambos fornecem uma base sólida para resistir a choques externos, disse Hu Qimu, vice-secretário-geral do Fórum 50 para a Integração das Economias Digitais-Reais.
PRODUÇÃO INDUSTRIAL CRESCE 6,4%
De acordo com o DNE, apesar dos desafios a economia da China resistiu à pressão e melhorou constantemente. A produção e a demanda cresceram de forma constante, o emprego foi geralmente estável, a renda familiar continuou aumentando, novos impulsionadores de crescimento testemunharam um desenvolvimento robusto e o desenvolvimento de alta qualidade deu novos passos, ajudando a garantir a estabilidade social geral, de acordo com o DNE.
Assim, nos primeiros seis meses deste ano, a produção industrial da China subiu 6,4% em comparação ao mesmo período do ano passado, com os setores de fabricação de equipamentos e de manufatura de alta tecnologia registrando crescimento rápido. Em junho, a indústria do país avançou 6,8%, quando comparado com junho do ano anterior, bem acima dos 5,5% previstos.
O mercado consumidor manteve uma tendência ascendente durante o período, com as vendas no varejo de bens de consumo expandindo 5% anualmente no primeiro semestre. O ritmo é 0,4 ponto percentual mais rápido que o crescimento registrado no primeiro trimestre.
O investimento em ativos fixos continuou a crescer nos primeiros seis meses, marcando uma alta anual de 2,8%. Em particular, o investimento no setor manufatureiro relatou um crescimento notável.
O mercado de trabalho permaneceu geralmente estável, com a média da taxa de desemprego urbano pesquisada ficando em 5,2% no primeiro semestre, uma redução de 0,1 ponto percentual ante o primeiro trimestre.
Apoiadas pelo programa de troca de bens de consumo do governo, as vendas no varejo de eletrodomésticos e equipamentos audiovisuais aumentaram 30,7% em relação ao ano anterior no período de janeiro a junho, e as vendas de bens culturais e de escritório aumentaram 25,4%.
A renda disponível per capita do país atingiu 21.840 yuans durante o período de janeiro a junho, resultando em um aumento anual de 5,3% em termos nominais, ou 5,4% após a dedução dos fatores de preço, observou o DNE.
Outro dado econômico relevante é que o Banco do Povo da China (PBoC, na sigla em inglês) reduziu as principais taxas de juros de referência em 0,1 ponto porcentual, em maio, com a taxa de empréstimo primário (LPR) de 1 ano ficando em 3%, enquanto a taxa de 5 anos caiu para 3,5% (para uma inflação em torno de 0,1%).
IMPULSIONADORA DO CRESCIMENTO GLOBAL
Para o Global Times, com o crescimento do PIB projetado para superar a maioria das principais economias em 2025, a China deve reforçar sua posição como impulsionadora do crescimento global e fonte de estabilidade em meio às incertezas internacionais.
Comentando sobre o desempenho econômico no primeiro semestre, Sheng o descreveu como “uma árdua conquista, especialmente considerando as mudanças bruscas no ambiente internacional e o aumento das pressões externas desde o segundo trimestre”, acrescentou.
Esse desempenho também serve como uma refutação direta às narrativas pessimistas de alguns meios de comunicação estrangeiros, reafirmando a força e a resiliência da economia chinesa.
AS NOVAS FORÇAS PRODUTIVAS
A publicação registrou que a manufatura continuou um dos principais impulsionadores do crescimento econômico chinês, apoiada em parte pela demanda externa estável. O ímpeto de novas forças produtivas de qualidade tornou-se cada vez mais evidente.
No comércio exterior, intercâmbio total de mercadorias da China aumentou 2,9% na primeira metade do ano em relação a igual período anterior, para US $ 3,04 trilhões, impulsionado pelos esforços extenuantes do país para otimizar sua estrutura de comércio exterior e estabilizar o crescimento econômico, de acordo com dados da Administração Geral de Alfândegas da China na segunda-feira.
Analistas apontaram que o crescimento constante da China ocorre em um momento em que as preocupações com uma possível desaceleração sob o tarifaço desencadeado desde Washington surgem em muitas partes do mundo. O desempenho do segundo trimestre injetou a estabilidade necessária na frágil economia global, reforçando o papel da China como um dos principais impulsionadores da recuperação global, sublinharam.
APESAR DOS VENTOS CONTRÁRIOS
O ambiente de crescimento global está sob pressão, com obstáculos ao comércio, interrupções na logística e aumento dos preços das matérias-primas, todos representando desafios para a economia da China. No entanto, apesar desses ventos contrários, o desempenho das exportações da China permaneceu em linha com as expectativas, disse Cao Heping, economista da Universidade de Pequim.
Ao mesmo tempo, setores em expansão – particularmente a aplicação de tecnologias digitais e verdes – alimentaram avanços significativos em todos os setores, com rápido progresso em áreas como veículos de nova energia, direção autônoma e inteligência artificial, disse Cao.
Em particular, as empresas chinesas preencheram rapidamente as lacunas na indústria de semicondutores, apesar dos bloqueios comerciais e sanções, demonstrando a velocidade do progresso tecnológico do país, disse o especialista.
No segundo semestre do ano, a economia deve sustentar seu ímpeto de crescimento, apoiada por novas medidas de abertura, comércio e cadeias de suprimentos robustas e maior diversificação de mercado, mantendo-a no caminho certo para atingir a meta de crescimento econômico para o ano inteiro, disseram especialistas.