Propaganda inicial do governo Bolsonaro falava em crescimento de 2,5% do PIB em 2019. Será próximo de 1%
O resultado do Produto Interno Bruto (PIB) – soma, em valores monetários, de todos os bens e serviços finais produzidos no pais -, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta terça-feira (3/12), confirma que a economia brasileira continua estagnada, com um primeiro trimestre em 0,0% (revisado, antes -0,1%) e o segundo e terceiro trimestres com taxas próximas de zero, 0,5% (revisado, antes 0,4%) e 0,6%, respectivamente, em relação aos trimestres anteriores.
Um resultado de 1% no acumulado do ano até setembro de 2019, e de 1,2% no terceiro trimestre deste ano em comparação com o terceiro trimestre de 2018. Ambos abaixo de 1,3% (revisado) verificado em 2018 e bem abaixo dos 2,5% prometidos pelo governo Bolsonaro/Guedes, no início do governo.
Com uma economia completamente à mercê dos desatinos de Bolsonaro e Guedes, a falácia alardeada de que estaria havendo um recuperação econômica é desmascarada pelos próprios números oficiais do governo.
Como destacou o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), “Do lado da oferta, apenas a agropecuária conseguiu crescer mais no acumulado de 2019 até o 3º trimestre (+1,4%) comparado a igual período do ano passado (+0,6%). Serviços desacelerou (de +1,6% para +1,1%) e a indústria está praticamente estagnada no presente ano: +0,1%”.
Na comparação com o trimestre anterior, a indústria geral cresceu 0,8%, enquanto a indústria de transformação caiu -1,0%, a construção cresceu 1,3% e a indústria extrativa 12%, puxada pela extração de petróleo.
“O ramo da indústria de transformação, que ao produzir bens mais complexos e intensos em tecnologia estabelece grande número de vínculos com outras atividades econômicas, voltou a ficar no vermelho no 3º trim/19, sob qualquer ângulo que se possa analisar. Caiu -1,0% ante o 2º trim/19, com ajuste sazonal; -0,5% frente ao 3º trim/18; -0,2% no acumulado dos três primeiros trimestres de 2019 e -0,5% nos últimos doze meses. Deste modo, ficou ainda mais longe (15,7% abaixo) do seu pico histórico, obtido no 3º trim/08”, completou o Iedi.
“A indústria geral (+0,8% no 3º trim/19) só não tem se saído pior devido aos ramos extrativo e da construção, que vem reagindo recentemente muito em função de suas atividades habitacionais nos grandes centros urbanos”.
“O setor de serviços, por sua vez, praticamente andou de lado, restringido pela evolução do segmento de transportes (-0,1% ante 2º trim/19, com ajuste), fortemente influenciado pelo retrocesso da indústria, pelo segmento de outros serviços (+0,1%), que reúne um conjunto variado de atividades, e pelos serviços de administração, defesa, saúde e educação públicas e seguridade social (-0,6%)”.
“Pela ótica da demanda, o crescimento do 3º trim/19 teve duas origens: consumo das famílias e investimentos. O consumo do governo, refletindo as políticas de redução de gasto público, e o setor externo, devido sobretudo ao declínio de nossas exportações, jogaram contra a recuperação econômica mais uma vez”, diz o Iedi.
A queda de -0,4% no consumo do governo no terceiro trimestre, segundo Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, é explicado pelo arrocho fiscal e o teto de gastos públicos. “Essas despesas, que pesam 20% do PIB pela ótica da demanda, caem com as restrições orçamentárias nos três níveis de governo e puxam o resultado para baixo”.
A formação bruta de capital físico (FBCF), os investimentos em máquinas, equipamentos, construção civil e pesquisa, no terceiro trimestre de 2019, ficou em 16,3% do PIB, a mesma observada no mesmo período do ano anterior (16,3%). Não há aumento dos investimentos.
A pequena melhora verificada no consumo das famílias, de 0,8% no terceiro trimestre de 2019, em relação ao trimestre anterior, na avaliação dos empresários, deve-se a uma maior oferta de crédito às famílias e à liberação dos recursos do FGTS, um recurso pontual, que não se repete a cada mês.
Quanto ao crédito às famílias, com as altas taxas de juros e o aumento do trabalho precário e da queda na renda, tende a diminuir e elevar a já alta taxa de inadimplência das famílias brasileiras. Resultando na queda nas vendas e na produção.
Em valores correntes, o PIB no terceiro trimestre de 2019 totalizou R$ 1,84 trilhão.