“Obviamente a política monetária, os juros, vão fazer esse efeito na economia”, disse a coordenadora da pesquisa, Rebeca Palis
A economia brasileira desacelerou no segundo trimestre de 2023. De acordo com IBGE, o Produto Interno Bruto (PIB) – que é a soma dos bens e serviços finais produzidos no Brasil – cresceu 0,9% no segundo trimestre de 2023 ante o trimestre anterior, revisado pelo de 1,9% para 1,8%. Os números do PIB foram divulgados pelo instituto de pesquisa nesta sexta-feira (1º).
O baixo crescimento do PIB no segundo trimestre reflete os efeitos negativos dos juros altos, estabelecidos pelo Banco Central (BC), que com sua política monetária contracionista está freando a demanda de bens e serviços no país.
“O crescimento acelerou no primeiro trimestre e agora [no segundo trimestre] cresceu menos, mas continuou crescendo. A gente continuou com crescimento importante, mas obviamente a política monetária, os juros vão fazer esse efeito na economia. Além disso, a safra de soja é o nosso maior produto e também teve o maior crescimento no primeiro trimestre, quando é mais concentrada. Ainda tem soja agora, mas tem safra menor”, disse a coordenadora de Contas Nacionais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Rebeca Palis.
No 2º trimestre, o Consumo das Famílias apresentou apenas um avanço de 0,9% e o Consumo do Governo teve alta de 0,7% frente ao trimestre anterior – época em que registraram avanços de 0,7% e 0,4%, respectivamente.
Já os investimentos, medidos pela Formação Bruta de Capital Fixo (FBC), ficaram paralisados no 2º trimestre, ao registrarem uma variação de apenas 0,1%, após o tombo de -3,4% no 1º trimestre deste ano. Em comparação com igual período de 2022, os investimentos recuaram 2,6% e, no semestre de 2023, ficaram -0,9% abaixo do pico que foi atingido no semestre de 2022.
O IBGE explica que o resultado negativo do indicador FBC, que representa a parcela de investimentos no total da produção de bens e serviços finais produzidos no país, está “ligado ao recuo da produção interna de bens de capital, como são chamados os itens que são usados para produção de outros produtos por mais de um período, como máquinas e equipamentos”.
Por sua vez, a taxa de investimento ficou em 17,2% do PIB no segundo trimestre de 2023, ficando abaixo dos 18,3% observados no mesmo período do ano anterior.
Frente a fraca demanda interna, no segundo trimestre, as principais categorias econômicas não tiveram força para ultrapassar a barreira do 1% de crescimento. A indústria variou positivamente em 0,9%, com destaque para o baixo desempenho da indústria de transformação, alta de 0,3% frente ao trimestre anterior. No primeiro semestre, a indústria de transformação recuou -1,3% em relação ao 1º semestre de 2022.
Os Serviços, setor que engloba também o comércio, cresceram apenas 0,6% na passagem do 1º semestre para o 2º trimestre e, nos primeiros seis meses deste ano, acumulam alta de 2,6%. Nas mesmas bases de comparação, o Comércio variou em alta de apenas 0,1% e de 0,9%, na ordem.
Já a Agropecuária, responsável pela alta do PIB no primeiro trimestre, perdeu desempenho, ao registrar um recuo de -0,9%. O IBGE explica que a retração vem após o avanço de 21,0% no primeiro trimestre e se deve, principalmente, à base de comparação elevada.
“O resultado é menor porque é comparado ao trimestre anterior, que teve um aumento expressivo. Isso aconteceu porque 60% da produção da soja é concentrada no primeiro trimestre”, frisou a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis.
Já em comparação ao ano e ao semestre de 2022 (o último ano do governo Bolsonaro), no segundo trimestre de 2023 o PIB cresceu 3,4% e 3,7%, respectivamente, refletindo ainda o desempenho da boa safra do 1º trimestre.
No 2º trimestre ainda, a Agropecuária cresceu 17,0% contra o mesmo intervalo de meses de 2022, enquanto a Indústria registrou uma alta de 1,5% e os Serviços avançaram 2,3% – com o Comércio variando com um crescimento próximo de Zero, alta de 0,1% – na mesma base de comparação.