A terrível imagem que Bolsonaro passa do Brasil para o mundo se reforça com a previsão de que o país terá, em 2022, o menor crescimento entre os membros do G20.
A reunião da cúpula integrada pelos 19 países mais ricos do mundo mais a União Europeia acontecerá neste final de semana (30 e 31 de outubro), na Itália. O Brasil faz parte do grupo, mas perde posto entre as economias emergentes à medida que o governo afunda o país no buraco da estagflação e do desemprego.
No início do mês, o Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgou as previsões de crescimento entre os membros do G20 para 2022. O Brasil aparece na lanterna, com estimativa de avanço do Produto Interno Bruto (PIB) de 1,5%.
A previsão do FMI se alinha com o que esperam os economistas e o representantes de instituições financeiras. Diante da situação, já se fala em recessão ou crescimento zero da economia em 2022. O banco Itaú, por exemplo, revisou a projeção para o PIB do ano que vem para queda de -0,5%. O J.P Morgan e a Consultoria MB Associados falam em crescimento zero.
Embora o mundo todo ainda esteja enfrentando a crise causada pela pandemia do coronavírus, a situação do Brasil sob Bolsonaro é evidentemente pior, agravada pelo desemprego elevado, inflação generalizada e dólar em alta. Além disso, os cortes nos investimentos públicos em ciência e tecnologia e em infraestrutura, a política ambiental desastrosa e os ataques de Bolsonaro à vacinação contra a Covid e à democracia fragilizam ainda mais a economia.
“Não tem nenhum motor de crescimento no Brasil”, afirma Claudio Considera, economista do Ibre-FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas). “O desemprego está enorme, a inflação está fazendo com que as famílias percam renda, isso diminui o consumo”, enumera. “O investimento também não tem nenhum estímulo, porque ninguém acredita que o Brasil vai crescer. Então a economia não tem qualquer impulso de crescimento”, completou o economista em entrevista à BBC News Brasil.
Paulo Guedes, ministro da Economia, contesta os dados do FMI e diz que a economia vai crescer 5% este ano e que “será de mais de 2% em 2022”, “o dobro do que o FMI está prevendo”, declarou na semana passada nos EUA.
Em coletiva, diante da debandada de sua equipe, Guedes depois de pintar a economia de cor-de-rosa disse que a inflação estava ocorrendo em todo mundo, mas, na contramão do mundo, defendeu que para a conter a inflação, provocada pelos preços administrados pelo governo, defendeu que o Banco Central tinha que “correr mais com os juros”. Correu tanto, que aumentou os juros básicos da economia (Selic) de 6,25% para 7,75% ao ano, esta semana, recolocando o Brasil no primeiro lugar com o maior juro real do mundo, quando as principais economias estão praticando taxas de juros abaixo de zero.
Como disse o economista José Luis Oreiro, “O Banco Central do Brasil é uma das poucas autoridades monetárias do mundo que está aumentando de forma significativa a taxa de juros básica para enfrentar um choque de oferta de caráter temporário que está ocorrendo no mundo inteiro”.
Para Claudio Considera, com mais esse aumento dos juros, “as famílias que gostariam de tomar crédito para consumo não vão mais fazer isso. E essa alta de juros vai espantar os investimentos também, porque ninguém vai investir tendo que pagar juros elevados, é melhor colocar o dinheiro na compra de títulos da dívida e ganhar 10% a 12% de retorno sem os riscos do investimento produtivo”, observou Considera. “Estamos entrando numa situação que eu não imaginava jamais que nós voltaríamos”.