Fiasco econômico do modelo PT-PMDB
Setor da indústria de transformação, motor da economia, cai 0,4%
Os resultados do Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre deste ano – uma variação de 0,4% em relação ao último trimestre de 2017 – são de uma esqualidez esquelética, se o leitor nos perdoa a imagem, que não conseguimos melhor.
A começar pelo setor decisivo para qualquer crescimento que não seja uma fraude: o PIB da indústria de transformação caiu -0,4%, na mesma comparação com o trimestre anterior.
Sempre é possível um ou outro crescimento no rebanho de asnos ou na safra de beldroegas. Mas, por pouco tempo – até para criar asnos ou cultivar beldroegas é preciso ter indústria.
Que crescimento é possível sem indústria de transformação – indústria manufatureira, não-extrativa?
Nem mesmo, exceto como voo de galinha, o crescimento agrícola. No caso do PIB do primeiro trimestre, em relação ao mesmo período do ano passado, a cultura do milho desabou -13%, a do arroz, -6,8%, a da soja ficou estagnada (0,6%) e “todas as culturas destacadas apontaram estimativa de queda de produtividade” (cf. IBGE, “Contas Nacionais Trimestrais, janeiro-março 2018”, 30/05/2018, p. 10).
Sem indústria, evidentemente, a tendência da produtividade na agricultura é cair.
Com esse resultado, falar, como certa senhorita falou na TV, que o PIB foi muito bom e que os problemas vão aparecer agora, no segundo trimestre, devido à greve dos caminhoneiros, é de um cinismo tal, que talvez seja apenas imbecilidade.
Mas é difícil ser tão imbecil.
Resumindo a questão:
1) a diferença entre o resultado de 0,4% (primeiro trimestre de 2018/quarto trimestre de 2017) e zero, é fantasmagórica; do ponto de vista prático, quanto à vida das pessoas, o que esse resultado significa é que a economia está parada em um pântano; e nada dentro de um pântano costuma ficar parado muito tempo, sem afundar ainda mais;
2) mesmo esse resultado é devido a um “ajuste sazonal”, para evitar discrepâncias características de épocas diferentes do ano (o primeiro trimestre tem características diferentes do último trimestre do ano); sem esse “ajuste sazonal”, apenas com a correção da inflação, o PIB do primeiro trimestre está 1% abaixo daquele do último trimestre do ano passado (cf. IBGE, Contas Nacionais Trimestrais, 1º tri/2018, Tabela 9: Valores Encadeados a Preços de 1995, p. 29);
3) o investimento (formação bruta de capital fixo) teve variação sem importância (0,6%) e cadente (sua variação caiu 71% em relação ao último trimestre de 2017: 2,1% contra 0,6%);
4) a variação do PIB da indústria de transformação foi negativa. Ou seja, a indústria encolheu mais ainda, depois da desindustrialização dos governos Fernando Henrique, Lula e Dilma;
5) o volume do PIB está no patamar de 2011.
6) os resultados dos últimos trimestres, em relação ao anterior, são tão pífios que só com muito esforço podem ser chamados de medíocres:
– 1º trimestre/2017: 1,1%;
– 2º trimestre/2017: 0,6%;
– 3º trimestre/2017: 0,3%;
– 4º trimestre/2017: 0,2%;
– 1º trimestre/2018: 0,4%.
Esses resultados, inclusive o último, divulgado na quarta-feira pelo IBGE, correspondem à destruição da economia nacional pela política de Dilma e de Temer – ou de Levy e Meirelles.
São consequência, não de uma crise espontânea, se é que isso existe, mas de uma política deliberada de devastação de um dos maiores e mais ricos países do mundo.
Não há nenhuma necessidade econômica – muito menos política – de nosso país passar por tanto sofrimento, durante tanto tempo, com milhões de desempregados e milhares de empresas fechadas, com a miséria e a fome invadindo os lares (quando ainda existem lares, pois uma parte das famílias, hoje, vive debaixo dos viadutos – quando existem viadutos com alguma vaga).
Existem culpados por essa situação. Existem os Temer e as Dilmas, os Meirelles e os Levys, existem o PT, o PMDB e o PSDB – com seus satélites – que levaram o país ao inferno em vida, somente para aumentar a parcela de riqueza apropriada por parasitas financeiros, principalmente estrangeiros.
Quanto ao PIB, seria um milagre se o resultado fosse diferente dessa indigência. Certamente, os milagres não existem para premiar ladrões e traidores do país.
Entre os países do mundo que já divulgaram o PIB do primeiro trimestre, o Brasil está em quadragésimo lugar entre 43 países – e sem que a Índia e vários países da África cujo PIB é estimado em mais de 3% (alguns até em mais de 6%), tenham ainda divulgado dos seus resultados.
Que países são esses?
Filipinas (+6,8%), Malásia (+5,4%), Egito (+5,4%), Polônia (+5,2%), Indonésia (+5,1%), e mais uma série, além da China (+6,8%) – na América Latina, República Dominicana (+6,4%), Chile (+4,2%), Peru (3,2%) – e mais 30 outros países, todos tiveram crescimento maior que o da economia brasileira.
Por que esses países conseguira resultados melhores que o Brasil?
Algum deles tem condição natural ou potencialidades econômicas mais favoráveis que as nossas, hoje e no passado recente?
Com certeza, não. O que eles não tiveram, ao contrário de nós, é uma fila de indivíduos como Dilma, Levy, Temer e Meirelles, sucessivamente no governo, destruindo o país.
Aliás, é muito difícil, em qualquer país do mundo, encontrar tal cepa de micróbios no governo, um atrás do outro.
Isso, depois do país aguentar oito anos de destruição por Fernando Henrique & tucanos e mais quatro anos de Palocci, a quem Lula, em seu primeiro mandato, deu carta branca para macaquear os tucanos, enquanto roubava o público.
Essa sucessão de criminosos no poder é o que explica a colocação do PIB brasileiro no mundo.
Em 2011, o país foi o 94º em crescimento. Em 2012, o 126º. Em 2013, o 108º. Em 2014, o 168º em crescimento, que, aliás, foi praticamente zero. Em 2015, o 182º, aliás, negativo. Em 2016, o 184º em crescimento, outra vez negativo. Em 2017, o 162º em crescimento (cf. IMF, World Economic Outlook Database, April 2018.)
O Brasil não é um país secundário no mundo. O que nos faz ter um crescimento inferior, e muito inferior, ao, por exemplo, crescimento do Senegal (+7,2% em 2017)?
A resposta é óbvia, e a recente greve dos caminhoneiros mostra as energias que estão prontas para se manifestar no Brasil e varrer, limpar este país dessa casta corrupta, servil ao esquema dos monopólios financeiros – e a outros tubarões e piranhas, de fora e de dentro.
CARLOS LOPES