PIB per capita não recupera queda de 4,6% em 2020
O resultado do Produto Interno Bruto (PIB) em 2021 de 4,6%, conforme resultado divulgado pelo IBGE, nesta sexta-feira (4), ocorre após um tombo histórico de 3,9% em 2020, que só não foi pior por conta das medidas aprovadas pelo Congresso Nacional no combate à pandemia da Covid-19, como, por exemplo, o auxílio emergencial de R$ 600.
O PIB per capita (a divisão da geração total da riqueza pelo número de habitantes do país) foi de R$ 40.688, um avanço de 3,9%, mas não recuperou a queda de 4,6% em 2020.
No ano passado, sob os efeitos das medidas emergenciais e a retomada das atividades presenciais, a economia ainda registrou o segundo e o terceiro trimestres no vermelho, com quedas de 0,1% e 0,3%, respectivamente. O quarto trimestre ficou praticamente estagnado com variação positiva de apenas 0,5% em relação ao trimestre anterior.
Para a Fiesp, o resultado do PIB “em grande medida reflete a base fraca de comparação”. A projeção da entidade para o PIB este ano “é de 0,0%”. “No caso da indústria de transformação, a projeção é de uma queda de 1,5%, que se confirmada, será o sexto recuo do PIB do setor num período de dez anos”.
JUROS ALTOS
“Os condicionantes da demanda doméstica vêm mostrando deterioração”, afirma a Fiesp. “O Banco Central vem promovendo aperto monetário excessivo, elevando a taxa básica de juros Selic para dois dígitos (10,75% em fevereiro). A expectativa do mercado aponta que a taxa Selic deverá atingir 12,25% este ano. Essa política monetária fortemente contracionista já está impactando a atividade econômica, como pode ser percebido na perda de dinamismo nas vendas do varejo de produtos sensíveis ao crédito, como móveis e eletrodomésticos”, diz a entidade da indústria em nota.
“Ademais, cabe destacar que o aumento dos preços administrados respondeu por cerca de 40% do avanço do IPCA em 2021 (10,1%), com a gasolina (47,5%), gás de botijão (36,9%) e energia elétrica (21,2%) sendo os principais “vilões”. Ações da política monetária têm pouco impacto sobre a evolução desses preços. Outro ponto importante é a inflação elevada e a recuperação da ocupação informal, fatores que vêm provocando queda do rendimento do trabalho, que combinada com os níveis elevados de desemprego (cerca de 12 milhões de desempregados), são outros elementos que geram um cenário bastante delicado para a demanda doméstica neste ano”.
Para o Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), “findado o período de baixas bases de comparação, foi ficando mais difícil mostrar um desempenho robusto da economia”. “As projeções para o PIB de 2022 apontam para um quadro de virtual estagnação, com uma variação de mero +0,3%, de acordo tanto com o FMI quanto com o último levantamento do Boletim Focus do BCB”.
DESEMPREGO ELEVADO E RENDA EM QUEDA
“As cicatrizes ainda são muitas, a exemplo da taxa de desemprego de dois dígitos, gargalos nas cadeias de fornecedores, aceleração da inflação e queda do poder de compra da população. Obstáculos adicionais também marcaram 2021 e podem não deixar 2022 ileso, como a crise hídrica e tensões políticas internas e externas”, ressalta o Iedi. “Ocultados pelo resultado agregado do PIB de 2021 como um todo, estes fatores condicionaram uma evolução ao longo do ano passado não tão favorável como parece à primeira vista. Para nos mantermos aos dados gerais de hoje, cabe observar que o resultado no 4º trim/21 indica um nível de atividade bem menor: +1,6% ante o 4º trim/20 e apenas +0,5% ante o 3ºtrim/21, já descontados os efeitos sazonais”.
Pela ótica da oferta, os principais destaques foram o setor de serviços (+4,7%) e a indústria total (+4,5%) puxada pela transformação (+4,5%) e a construção civil (+9,7%). A agropecuária encolheu em 0,2% ante 2020.
Pelo lado da demanda, cresceram o consumo das famílias (+3,6%), o consumo do governo (2,0%) e a Formação Bruta de Capital Fixo (+17,2%).
O PIB (que é a soma de todos os bens e serviços finais produzidos no ano) totalizou R$ 8,7 trilhões em 2021.