Anualizado, o Produto Interno Bruto norte-americano freou de 3,1% no primeiro trimestre para 2,1% no segundo
A economia dos EUA murchou no segundo trimestre, em relação ao primeiro, conforme o Bureau de Análise Econômica (BEA): desacelerou de 0,75% para 0,51%, atrapalhando o discurso pré-reeleição de Trump sobre o “formidável” crescimento nos EUA sob seu corte de impostos para magnatas e guerra comercial.
Aliás, Trump também ficou no prejuízo quando a revisão quinquenal dos resultados do PIB, desde 2014, reduziu o PIB do ano passado para 2,9% – abaixo dos 3% com que ele enchia a boca como prova da sua sapiência em matéria econômica.
Como os norte-americanos gostam de “anualizar”, isto é, fantasiar que o crescimento de um dado trimestre se estenderia ao ano inteiro, o PIB anualizado freou de 3,1% para 2,1%.
Ou seja, voltou à pasmaceira que prevaleceu na década da recuperação perdida, onde na média o PIB se arrastou em torno de 2,3%.
O consumo das famílias contribuiu com 2,85 pontos percentuais para o crescimento, ao que se soma alta de 0,85 de gastos governamentais.
Na outra ponta, a variação de estoques reduziu o crescimento em -0,86 pontos percentuais, expressando uma queda, após estarem inchados porque as empresas anteciparam compras para escapar da guerra de tarifas de Trump.
Acompanhado de perto pela queda das exportações, em -0,63, e pequena alta das importações (que subtrai no PIB) implicando em -0,01 pontos percentuais.
Negativo também no investimento. -0,14 pontos percentuais referentes ao investimento fixo não residencial e -0,06 de investimento fixo residencial.
O índice de preços ao consumidor (PCE) aumentou 2,3%, comparado com alta de 0,4% no trimestre anterior. Excluindo os preços de alimentos e energia, o PCE aumentou em 1,8 %, em comparação com um aumento de 1,1 % em janeiro-março.
Mas mesmo esse pífio resultado de 2,1% anualizado para o PIB é contestado por economistas como Mike Hudson e Paul Craig Roberts, que apontam que o PIB real é superestimado ao ser corrigido por uma inflação subestimada. O que é feito pela manipulação da cesta de bens, em que os que encarecem são substituídos, ou aumentos são ignorados supondo “melhoria de qualidade”.
A comparação não é mais feita – como antes – com uma cesta fixa de bens, mas com uma que muda com a conveniência de quem calcula (ou manda calcular). Eles também apontam que o inchaço do setor financeiro é indevidamente computado como “crescimento”, ampliando a manipulação.
Nesta quarta-feira 31, o Federal Reserve irá se manifestar sobre se volta a reduzir o juro básico, como exige Trump (e seu desejo de reeleição), para manter a “bolha de tudo” na UTI de Wall Street e a casa não cair em cima da urna.
Quanto ao reduzido desemprego registrado oficialmente, economistas denunciam que há também manipulação, já que o desemprego de longa duração é varrido para debaixo do tapete, o que se reflete na quantidade excepcional de cidadãos em idade adulta de trabalho alocados pelas estatísticas na “não na força de trabalho”, o que também se revela pela taxa de participação na força de trabalho não ter sequer recuperado o patamar pré-crise.
A utilização da capacidade instalada também segue abaixo do nível pré-crise. O site zerohegde também chamou a atenção para outro pequeno detalhe: as revisões anuais do PIB já referidas fizeram os lucros operacionais de 2017 encolher US$ 93 bilhões, ou 4,4%, e os de 2018 foram reduzidos em US$ 188 bilhões, ou 8,3%. A mesma fonte apontou, no segundo trimestre deste ano, redução de 5% nos lucros operacionais comparado com o primeiro trimestre, ou 7% a menos em relação a igual período do ano passado.
A.P.