O PIB per capita do Brasil apresentou no último período o pior desempenho dos últimos 120 , “empatando” com os anos 80, conhecidos como década perdida, com um recuo médio de 0,6% do PIB per capita, por ano. Essa é a conclusão de recente estudo dos economistas Claudio Considera e Juliana Trace do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre-FGV).
Segundo levantamento, o recuo médio do PIB per capita brasileiro (em moeda local) foi de 0,6% por ano na década de 2011 a 2020. Fazendo uma comparação internacional, 82% dos países do mundo apresentaram um desempenho melhor que o brasileiro no período, considerando uma amostra de 191 países.
O PIB (Produto Interno Bruto) per capita é a distribuição do valor de todos os bens e serviços produzidos em um ano pelo número de habitantes do país.
Quando o recorte é feito a partir de um conjunto de 13 países (BRICS – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, principais economias latino-americanas e quatro países desenvolvidos selecionados), o Brasil só fica atrás da África do Sul, sendo a segunda pior economia em evolução do PIB per capita. No extremo oposto estão a China e Índia que, na média, tiveram crescimento de 6,3% e 3,6%, respectivamente.
O estudo do Ibre ainda aponta a disparidade do crescimento médio anual do mundo – de +0,4%, em dólar, segundo os dados compilados do Banco Mundial, e o brasileiro. Transformando os valores em moeda única, a média do PIB per capita do Brasil foi de recuo de -0,2% no período.
De acordo com os economistas, a profunda recessão entre 2014 e 2016, o crescimento “medíocre” dos anos seguintes e a pandemia de Covid-19 em 2020 fizeram com que o “resultado final desse conjunto de desastres” fosse mais uma década perdida na economia.
Em 2020, o PIB do país tombou 4,1% – um dos piores resultados da história. Dividido esse valor pela população brasileira para obter o resultado per capita, tivemos uma queda de 4,8% em termos reais – o que contribuiu em peso para o resultado dos últimos 10 anos.
Com a bagagem da década e o Brasil nas mãos de Bolsonaro, caminhamos para mais um período desastroso. Enquanto países no mundo estão usando recursos para vacinar em larga escala e dotando recursos para socorrer empresas e famílias, o Brasil vai na contramão.
Entramos em 2021 batendo recordes diários de mortos devido a postura negacionista do governo que impede, inclusive, que a vacina chegue à população. Com a pandemia alcançando níveis de contágio superiores ao do ano passado e o desemprego atingindo um percentual sem precedentes da população, Bolsonaro deixará quase 70 milhões de pessoas desamparadas sem auxílio emergencial até abril – quando o benefício volta a um valor incapaz de comprar uma cesta básica.