O ex-presidente afastado da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), Jorge Picciani (PMDB) recebeu R$ 9 milhões de propina da empreiteira Odebrecht, segundo relatou o ex-presidente de Infraestrutura da construtora, Benedicto Barbosa da Silva Júnior, nesta quarta-feira (15), em depoimento ao juiz Marcelo Bretas, na Operação Cadeia Velha, desdobramento da Lava Jato no Rio de Janeiro.
O ex-executivo da Odebrecht também afirmou que doou R$ 23 milhões em caixa 2 à campanha de Luiz Fernando Pezão. Segundo depoimento a doação ocorreu em 2014, a pedido do então governador Sérgio Cabral.
Benedicto já tinha dito anteriormente que houve pagamentos a campanhas políticas do PMDB do Rio num total de mais de R$ 5 milhões.
Desta vez, o delator também relatou pagamentos de propina de R$ 900 mil para o antecessor de Picciani à frente da Casa, Paulo Melo, outro deputado do PMDB preso na Cadeia Velha. Benedito Júnior falou que parte do recurso, cerca de 1 milhão de euros, foi paga no exterior e que o restante, R$ 20 milhões, no Brasil.
FATURA EXPOSTA & RESSONÂNCIA
Na terça-feira, o juiz Marcelo Bretas acatou a denúncia do Ministério Público Federal (MPF) e tornou réus o ex-secretário de Saúde do Rio Sérgio Côrtes e mais 23 pessoas, por crimes de participação em organização criminosa, fraude e corrupção ligados ao Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into).
A ação é um desdobramento das operações Fatura Exposta e Ressonância, no âmbito da Lava Jato, que aprofundaram as investigações da organização criminosa responsável por corrupção, fraudes à licitação, cartel e lavagem de capitais em contratos entre o Into e o governo do Rio. Segundo a denúncia, os réus participaram, entre 2007 e 2016, de fraudes em processos de licitação para o Into, envolvendo compra de material médico-hospitalar, insumos e outros bens.
Dentre os 23 réus, além de Sérgio Côrtes, estão: Miguel Iskin, dono da Oscar Iskin e organizador das fraudes aos pregões internacionais desde 1996, Daurio Speranzini, diretor-executivo da General Electric para a América Latina e ex-executivo da Philips Medical entre
“Após exaustiva investigação que contou com medidas cautelares de quebra de sigilo bancário, fiscal, telefônico e telemático, as Operações Calicute e Eficiência conseguiram demonstrar como a organização criminosa comandada por Sérgio Cabral atuou para praticar atos de corrupção e lavagem que desviaram mais de US$ 100 milhões dos cofres públicos, mediante engenhoso processo de envio de recursos oriundos de propina para o exterior”, assinalaram na denúncia os 11 procuradores que a subscrevem.
De acordo com a denúncia do MPF, por meio do acordo de colaboração premiada firmado por Cesar Romero, ex-subsecretário de Saúde, foi possível desvendar as fraudes nas licitações no Into e na própria secretaria.
“De acordo com o depoimento do citado colaborador, Sergio Cortes, ex-diretor geral do Into e ex-secretário de Saúde, montou uma engrenagem dentro do órgão para beneficiar o empresário Miguel Iskin e seu sócio Gustavo Estellita, ambos responsáveis pela empresa Oscar Iskin, direcionando as licitações a fim de sagrar as empresas indicadas por eles como vencedoras, valendo-se inclusive de pregões internacionais”, escreveu Bretas em sua decisão.