O “puxadinho” do bolsonarismo quis aparecer atacando o Nordeste. Se comparou a uma vaca que produz muito e recebe pouco. Destilou ódio aos pobres após elevar em 298% o seu próprio salário
O governador de Minas Gerais Romeu Zema, conhecido como “puxadinho” do bolsonarismo, procurou chamar a atenção sobre si próprio destilando ódio e afrontando a história de Minas e da unidade nacional.
Ele fez apologia da divisão e do confronto dentro do país atacando e menosprezando o povo da região Nordeste. Segundo ele, os estados do Nordeste são uma “vaquinha” que ajuda pouco e recebe muito.
“Se não você vai cair naquela história, do produtor rural que começa só a dar um tratamento bom para as vaquinhas que produzem pouco e deixa de lado as que estão produzindo muito. Daqui a pouco as que produzem muito vão começar a reclamar o mesmo tratamento”, afirmou o pigmeu das alterosas.
A declaração xenófoba, estúpida e preconceituosa do comerciante milionário, surgido do submundo do fascismo, veio junto com elogios ao desastroso governo de seu guru e “mito”, Jair Bolsonaro, defenestrado em tempo pelo povo, inclusive de Minas Gerais, nas últimas eleições.
O desprezo do proprietário das Lojas Zema aos pobres é uma atitude carregada de cinismo, já que ele vomitou seu ódio ao pobres logo após assinar, na condição de governador, um decreto aumentando o seu próprio salário em 298%. Ou seja, ele aumentou seu salário de R$ 10.500 para R$ 41.845,49. Faz isso ao mesmo tempo que arrocha os salários de professores, médicos, policiais e enfermeiros da rede pública do Estado.
Pergunta-se com frequência, como Minas Gerais, que produziu figuras gigantescas como Tiradentes, Santos Dumont e o ex-governador Tancredo Neves, pode, de repente, parir uma pulga insignificante como esta na política?
A resposta é que a vida é mesmo cheia de altos e baixos. Assim como as montanhas de Minas viram nascer o grande herói da independência, o mártir da liberdade, conheceram também – e na mesma época – Silvério dos Reis, o rato que o traiu e se deu bem com a Coroa Portuguesa ao fazê-lo. Já Tancredo, o homem que uniu o Brasil contra a ditadura e por um Brasil grande e próspero, teve na família um neto ridículo que seguiu o caminho inverso e emporcalhou o país.
O senador Oto Alencar PSD- BA reagiu com firmeza aos ataques de Zema aos Nordeste. Ele chamou o governador mineiro de ignorante. “A ignorância duvida porque desconhece o que ignora. Governador Zema, o norte de Minas Gerais tem 249 municípios incluídos como região nordeste, têm os mesmos benefícios da Sudene, Banco Nordeste, etc”, afirmou o parlamentar.
Outro que reagiu à fala do mandatário mineiro foi o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), representante de um dos estados que integram o Consórcio Sul-Sudeste (Cosud). Segundo Casagrande, apesar de fazer parte do consórcio, não compactua com o posicionamento do seu colega.
“Sobre a entrevista do Governador Zema (MG) para o jornal Estado de SP, é importante deixar claro que é sua opinião pessoal. O ES participa do Cosud para que ele seja um instrumento de colaboração para o desenvolvimento do Brasil e um canal de diálogo com as demais regiões”, publicou no Twitter.
Os governadores dos nove estados do Nordeste reagiram com indignação, neste domingo (6), às ofensas governador. Na avaliação do Consórcio Nordeste, as declarações de Zema vão na contramão das urgências do país. “Enquanto Norte e Nordeste apostam no fortalecimento do projeto de um Brasil democrático, inclusivo e, portanto, de união e reconstrução, a referida entrevista parece aprofundar a lógica de um país subalterno, dividido e desigual”, diz um trecho da nota.
Leia abaixo a nota do Consórcio do Nordeste
“NOTA OFICIAL
O governador de Minas Gerais, em entrevista publicada no jornal O Estado de São Paulo em 05 de agosto, demonstra uma leitura preocupante do Brasil. Ao defender o protagonismo do Sul e Sudeste, indica um movimento de tensionamento com o Norte e o Nordeste, sabidamente regiões que vêm sendo penalizadas ao longo das últimas décadas dos projetos nacionais de desenvolvimento.
O Consórcio Nordeste, assim como o da Amazônia Legal, valendo-se da profunda identidade regional, cultural e histórica, foram criados com o objetivo de fortalecer essas regiões, unindo os estados em torno da cooperação e compartilhamento de melhores práticas e soluções de problemas comuns, buscando contribuir com o desenvolvimento sustentável e a mitigação de nossas desigualdades regionais.
Negando qualquer tipo de lampejo separatista, o Consórcio Nordeste imediatamente anuncia em seu slogan que é uma expressão de “O Brasil que cresce unido”. Enquanto Norte e Nordeste apostam no fortalecimento do projeto de um Brasil democrático, inclusivo e, portanto, de união e reconstrução, a referida entrevista parece aprofundar a lógica de um país subalterno, dividido e desigual.
Já passou da hora do Brasil enxergar o Nordeste como uma região capaz de ser parte ativa do alavancamento do crescimento econômico do país e, assim, contribuir ativamente com a redução das desigualdades regionais, econômicas e sociais.
É importante reafirmar que a união regional dos estados Nordeste e, também, os do Norte, não representa uma guerra contra os demais estados da federação, mas uma maneira de compensar, pela organização regional, as desigualdades históricas de oportunidades de desenvolvimento.
Nesse contexto, indicar uma guerra entre regiões significa não apenas não compreender as desigualdades de um país de proporções continentais, mas, ao mesmo tempo, sugere querer mantê-las, mantendo, com isso, a mesma forma de governança que caracterizou essas desigualdades.
A união dos estados do Sul e Sudeste num Consórcio interfederativo pode representar um avanço na consolidação de um novo arranjo federativo no país. Esse avanço, porém, só vai se dar na medida em que todos apostarmos num Brasil que combate suas desigualdades, respeita as diversidades, aposta na sustentabilidade e acredita no seu povo.
Assim, nós, governadoras e governadores da região Nordeste, além de defendermos um Brasil cada vez mais forte e próspero, apelamos pela união nacional em torno da reconstituição de áreas estratégicas para o nosso país, a exemplo da economia, segurança pública, educação, saúde e infraestrutura.
Nordeste do Brasil, 06 de agosto de 2023.
João Azevêdo
Presidente do Consórcio Nordeste
Governador do Estado da Paraíba”
Zema: sois tu mais um coronelzinho traíra como foi Joaquim Silvério dos Reis, assim diz matéria. Sobre o nordeste e os nordestinos você nada sabe portanto, fique calado não fale besteira, defensor do nazifascismo.