O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, declarou que o depósito de 10 mil dólares que fez em conta no exterior, nas Bermudas, em 2002, para fundar a Sabedoria Foundation, foi por pura filantropia. “Essa entidade é filantrópica, visa investir recursos em educação no Brasil”, disse o ministro que recebeu R$ 180 milhões da JBS para “não fazer nada”, entre 2012 e 2016, quando presidente do Conselho de Administração da J&F.
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, declarou que o depósito de 10 mil dólares que fez em conta no exterior, nas Bermudas, em 2002, para fundar a Sabedoria Foundation, foi por pura filantropia. “Essa entidade é filantrópica, visa investir recursos em educação no Brasil”, disse o ministro que recebeu R$ 180 milhões da JBS para “não fazer nada”, entre 2012 e 2016, quando presidente do Conselho de Administração da J&F. De 2002 para cá, Meirelles fez a farra dos bancos, transferindo recursos públicos, inclusive da educação e da Previdência, para pagar juros.
Segundo a reportagem publicada no domingo (5), pelo site Poder360, Meirelles criou uma fundação nas Bermudas, a Sabedoria Foundation, segundo ele para gerir sua herança. A notícia surgiu de vazamento de informações, chamado de “Paradise Papers”, do escritório de advocacia Appleby, especializado em empresas offshores, e envolve integrantes do governo norte-americano.
“Embora a prática seja legal, empresas offshore podem ser usadas também para cometer crimes, como sonegação de impostos, ocultação de patrimônio (no caso de pessoas que deixam de pagar dívidas) e evasão de divisas. Podem ser usadas também para criar ‘fundos paralelos’ em empresas, possibilitando o pagamento de propinas sem que estas apareçam na contabilidade oficial da companhia. E ainda, para esconder dinheiro de origem ilícita”, diz artigo da BBC Brasil, assinado por André Shalders.
“A única exigência da lei é que os recursos sejam devidamente declarados à Receita, para que os impostos sejam pagos”, acrescenta.
Conforme Shalders, “para o Ministério Público Federal, empresas offshores em países como Bahamas, as ilhas Cayman e Bermudas foram usadas pela empreiteira Odebrecht para viabilizar pagamentos a políticos, por exemplo”.
De acordo com o Poder360, a Sabedoria Foundation, um trust, foi criado em dezembro de 2002, a partir de uma doação de US$ 10.000 feita por Meirelles. Em nota encaminhada ao site, ele afirma que registrou o trust no exterior porque na época morava nos Estados Unidos e que declarou o valor à Receita Federal. No ano seguinte, assumiu a presidência do Banco Central, nomeado por Lula.
Meirelles também é relacionado a outra offshore, chamada “Boston – Administração e Empreendimentos Ltda”, criada em 1990 e encerrada em 2004.
JBS
Em entrevista à revista Piauí, Meirelles disse que não fez nada enquanto presidente do Conselho de Administração da J&F, holding dos presidiários Joesley e Wesley Batista, entre 2012 e 2016, saindo de lá diretamente para o Ministério de Temer. “O conselho nunca se reuniu”, disse à revista, que constatou que foram protocoladas cinco atas de reunião assinadas por Meirelles na Junta Comercial de São Paulo.
Para não fazer nada Meirelles recebeu a bagatela de R$ 180 milhões.
Em nota divulgada na sexta-feira (3), a assessoria de imprensa do Ministério da Fazenda diz que “a remuneração pelo trabalho planejado, executado e entregue foi, sem dúvida, proporcional ao valor do projeto inovador de criação do primeiro banco [Original] inteiramente digital do país”. Desde 2014, o Banco Original, segundo o site BancoData, teve um lucro líquido de menos de R$ 56 milhões.
O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, também apareceu no vazamento “Paradise Papers”, sendo apontado como diretor da offshore chamada Ammagi & LD Commodities SA, nas Ilhas Cayman. Ela é controlada por uma joint venture formada por uma empresa da família Maggi e a holandesa Louis Dreyfus Company.