Dezenas de pilotos alemães se recusaram a participar das deportações de migrantes que tiveram seu pedido de refúgio rejeitado pelo governo do país. Ao todo, mais de 200 voos planejados foram cancelados pelos pilotos que se negam a fazer parte do programa de deportação dos refugiados para o Afeganistão.
As noticias sobre a decisão dos pilotos começaram a ser veiculadas pela imprensa alemã a partir da segunda-feira (4), após uma solicitação do partido “A Esquerda” exigindo informações do governo alemão. Em resposta, o governo afirmou que 222 voos foram cancelados devido a indisposição dos pilotos em relação ao programa de deportações.
As deportações para o Afeganistão partem da premissa de que o país foi considerado “seguro” apesar da guerra ainda em andamento, do elevado morticínio e do alto índice de violência. Até agora, 85 recusas vieram de pilotos empregados pela principal companhia aérea alemã, a Lufthansa e sua subsidiaria, a Eurowings. A maior parte dos voos cancelados, 140, se deram no aeroporto de Frankfurt, o maior e mais importante centro de distribuição de voos da Alemanha.
Segundo os dados do Departamento de Estatísticas da União Europeia (Eurostat), o Departamento de Migração e Refugiados da Alemanha intensificou as deportações, decidindo sobre 388.201 pedidos de refúgio apenas nos seis primeiros meses de 2017. Porém, ao mesmo passo que o governo ampliou sua hostilidade aos pedidos de asilo político, o número de apelações as negativas do governo registrou um aumento significativo.
Ao todo, metade das recusas proferidas pelo Departamento de Migração durante o ano de 2017 foram levadas à justiça, elevando as apelações a um quarto dos pedidos de refúgio negados. A estatística representa quase o dobro dos recursos apresentados durante o mesmo período de 2016.
Mas Berlim já discute um programa para resolver o problema: pagará 3 mil euros, a partir de fevereiro de 2018, para todos os requerentes que tiveram seus pedidos de refúgio rejeitados. Dessa forma esperam incentivar voluntariamente a deportação dos refugiados para os países assolados pela guerra de onde saíram.