Em setembro, 51% dos brasileiros achavam que ela estaria melhor em seis meses. Agora, são 40%
A pesquisa Ipec (antigo Ibope), divulgada neste domingo (21), mostra que os brasileiros estão mais apreensivos com o que está acontecendo com a economia do país. Um número maior de pessoas acha que ela vai piorar. Em setembro, 51% achavam que ela estaria melhor em seis meses. Agora são 40%, enquanto 31% são pessimistas quanto a isso. Em setembro, os pessimistas eram 27%.
O levantamento revela também que, dentre oito áreas do governo Lula, apenas educação tem mais avaliações positivas do que negativas. As áreas de segurança pública e da saúde são avaliadas como ruins ou péssimas por 42% dos brasileiros. Na área de segurança pública, 27% avaliam a gestão atual como boa ou ótima e 28% regular, enquanto 2% não souberam responder.
A educação, pasta comandada pelo ministro Camilo Santana, tem resultado considerado bom ou ótimo por 38% da população, contra 31% que avaliam como ruins ou péssimos. 28% avaliam como regular. Na saúde também, 42% consideram a gestão como ruim ou péssima e 29% boa ou ótima, enquanto 30% acham regular. 1% não soube responder.
O Ipec entrevistou 2 mil eleitores de 129 municípios entre 4 e 8 de abril. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou menos, e o nível de confiança é de 95%.
Já sobre os aumentos de preços, 46% acham o desempenho ruim ou péssimo. O dobro do percentual dos que a consideram boa ou ótima: 23%. Outros 28% disseram avaliar o desempenho da gestão petista como regular.
Essa insatisfação com os preços aparece a despeito de a inflação oficial acumulada nos últimos 12 meses estar em 3,93% até março. Mesmo assim, há a percepção de que serviços e produtos estão mais caros. Dentre os mais ricos, que ganham acima de cinco salários mínimos por mês, 59% acham que o governo vai mal no controle da inflação.
A taxa é menor entre os mais pobres (37%), mas mesmo nesse grupo a insatisfação também supera o percentual dos que veem um “bom” ou “ótimo” desempenho do governo.
A percepção negativa em relação à trajetória dos preços surte efeitos práticos na hora de fazer a economia girar. Segundo o Ipec, 89% dos brasileiros dizem que agora pesquisam mais os preços antes de fazer compras e 61% afirmam que adiaram planos mais caros nos últimos meses. Dois terços (69%) também declaram ter trocado produtos que costumavam comprar por outros mais baratos.
A pesquisa mostra que a maioria dos eleitores que declaram ter votado nulo ou em branco no segundo turno da última eleição presidencial considera que a situação econômica do país está igual ou pior que há seis meses. Nesse grupo, 41% avaliam que a economia andou de lado nos últimos seis meses, enquanto 37% acham que houve piora. Considerando a margem de erro, os dois grupos são estatisticamente equivalentes. Outros 19% acreditam que a economia melhorou no período.
Já lulistas e bolsonaristas divergem também nesse ponto. Para 66% dos que apoiaram Bolsonaro, a economia está pior e 9% apontam melhora. Entre lulistas, as taxas praticamente se invertem: 10% admitem deterioração do quadro econômico, enquanto 60% dizem que a economia está melhor.
A diretora do Ipec, Márcia Cavallari, avalia que “as expectativas em relação à situação econômica do país são positivas, mas bem menores do que já foram”, acrescentando que “é necessário que essa expectativa se consolide para que possa haver uma reversão da tendência observada até aqui. A população precisa de resultados concretos perceptíveis no seu dia a dia”.