PL da Impunidade é “retrógrado e antidemocrático”, afirma Jandira

Deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) (Foto Bruno Spada - Câmara dos Deputados)

Em discurso nesta terça (9), no plenário da Câmara, deputada do PCdoB-RJ criticou proposta, chamada de “dosimetria”, que reduz pena de Bolsonaro e de outros da trama golpista

Em pronunciamento, nesta terça-feira (9), no plenário da Câmara, a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) fez duras críticas ao PL da “Dosimetria”, atualmente pautado para votação, classificando o projeto como “pauta retrógrada e antidemocrática”.

O texto prevê a redução de penas para condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. Inclusive o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

De acordo com a parlamentar, o projeto representa tentativa de “sofisticar” o que seria anistia. Mas com impacto equivalente ao “perdão” aos acusados de crimes contra o Estado Democrático de Direito.

Ela advertiu que aprová-lo seria fortalecer “os interesses de quem atentou contra a democracia” e “comprometer a memória dos acontecimentos de 8 de janeiro”.

“Não podemos construir leis que soem como clemência a quem tentou derrubar a democracia”, declarou Feghali no plenário.

CONTEXTO DA POLÊMICA

O PL 2.162/23 — chega ao plenário como alternativa ao projeto de anistia — inicialmente defendido por parte da base bolsonarista — para atenuar as penas impostas a condenados pelos atos de 8 de janeiro.

Nesta terça-feira, o presidente da Câmara Hugo Motta (Republicanos-PB) confirmou a inclusão da proposta na pauta da sessão.

Para o governo, por meio da ministra Gleisi Hoffmann, a proposta é vista como “arranjo político” e “grave retrocesso” à democracia. E o Executivo já decidiu orientar voto contrário ao texto.

O líder do PT na Câmara, deputado Lindbergh Farias (RJ), também criticou duramente o projeto. Ele afirmou que se trata de “uma lei específica para beneficiar Bolsonaro”.

POSICIONAMENTO DE JANDIRA

Para Jandira, a aprovação do PL representaria não apenas impunidade, mas o enfraquecimento do sistema de responsabilidades que se estabeleceu com as condenações de 8 de janeiro.

Ela reforçou que, longe de representar pacificação, a redução de penas seria “atestado de complacência com o autoritarismo”.

Mais cedo, em novembro, ela já havia alertado para o risco de retrocessos institucionais diante de tentativas de anistia ou relaxamento de penas aos envolvidos nos crimes daquela data.

O QUE ESTÁ EM JOGO

A votação desta terça será ou poderá ser teste para o Congresso. E para a própria coerência do País com os princípios democráticos.

A derrubada do PL da Impunidade significaria manter as penas fixadas pelo STF (Supremo Tribunal Federal) contra pessoas condenadas por conspirarem contra a democracia. A aprovação, entretanto, seria vista como recuo, com possível carta branca para quem atentou contra o Estado de Direito.

Para adversários da proposta, como Jandira e setores do governo, o PL emerge como “tentativa de reconstruir a impunidade” e como “retrocesso grave”.

Para seus defensores, é forma de “aliviar” condenações consideradas desproporcionais. A disputa acirrada — nesta terça-feira — demonstra a dimensão simbólica e material desse embate.

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