
O advogado de Bolsonaro compartilhou com Mauro Cid a notícia de que Michelle foi cotada para ser candidata à Presidência em 2026. Cid respondeu Wajngarten com a mensagem: “prefiro o Lula”. O advogado respondeu: “Idem”.
O PL (Partido Liberal) demitiu Fabio Wajngarten. O partido, que é presidido por Valdemar Costa Neto, informou, nesta terça-feira (20), o desligamento do advogado, que chefiou a Secom (Secretaria de Comunicação) na gestão de Jair Bolsonaro (PL).
Wajngarten era, até agora, aliado próximo ao ex-presidente. Era um dos principais interlocutores e consultores jurídicos de Bolsonaro. Ele agia ainda como assessor do ex-presidente e foi contratado pela legenda de direita, que abriga hoje o bolsonarismo.
A demissão de Fabio Wajngarten ocorre dias após a revelação de mensagens trocadas entre ele e o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro durante a presidência.
MENSAGENS COMPROMETIDAS
As conversas interceptadas pela PF (Polícia Federal) ocorreram poucos dias depois de 8 de janeiro de 2023 e vieram a público em reportagem do portal UOL.
A indisposição com Wajngarten diz respeito às conversas específicas que mencionaram a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.
“PREFIRO O LULA”
Na primeira troca de mensagens, o advogado compartilha com Cid a notícia de que Michelle foi cotada para ser candidata à Presidência da República em 2026. Cid respondeu Wajngarten com a mensagem: “prefiro o Lula”.
O advogado respondeu: “Idem”.
As críticas a Michelle partiram diretamente de Mauro Cid. Em áudio, ele disse que descobriu “que ela [Michelle] tem muita coisa suja”, o que a tornaria alvo fácil em eventuais disputas eleitorais.
Entretanto, a manutenção de conversas entre Wajngarten e o tenente-coronel sobre o tema gerou indisposição na família Bolsonaro.
NO ZAP DO CID
As mensagens divulgadas pelo portal UOL foram trocadas em 27 de janeiro de 2023, segundo o portal, quando Lula já havia retornado à Presidência da República pela terceira vez.
O comentário surgiu quando Wajngarten disse a Cid que o PL pretendia lançar Michelle como candidata em 2026, caso Bolsonaro ficasse inelegível — fato que aconteceu alguns meses depois, ainda naquele ano, após decisão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Sobre a afirmação do assessor do ex-presidente, Cid escreveu: “Prefiro o Lula, hahahaha”. Em seguida, Wajngarten afirmou: “Idem”.
Uma troca de mensagens contínua. No dia 31 de janeiro, Fabio Wajngarten escreveu que o PL pagaria R$ 39 mil por mês à ex-primeira-dama “porque ela carrega o bolsonarismo sem a exclusão do Bolsonaro”.
Cid então declarou que Michelle sairia “destruída” se entrasse para a política.
“MUITA COISA SUJA”
“Cara, se dona Michelle tentar entrar pra política, num cargo alto, ela vai ser destruída, porque eu acho que ela tem muita coisa suja… não suja, mas ela né, a personalidade dela, eles vão usar tudo contra pra acabar com ela. E Valdemar [presidente do PL] fala também também, aquele negócio dos documentos, dos papéis, tá todo enrolado agora”, disse o tenente-coronel.
Em fevereiro, Wajngarten enviou reportagem sobre o nome de Michelle ser ventilado ao Senado, que revelou ainda que havia questionado Bolsonaro se ele tinha dado anuência sobre a candidatura.
O advogado avaliou que colocar o nome da ex-primeira-dama para disputas eleitorais não traria benefício, “só matérias negativas”.
Cid prossegue dizendo ainda que Michelle Bolsonaro “tem muito furo” e “muita coisa pra queimadura, inclusive do passado”.