Se Bolsonaro diz que vai voltar, então por que ele cortou a verba dos remédios para 2023? É que o dinheiro do programa “Farmácia Popular”, que garante remédios aos mais pobres, foi desviado para abastecer a roubalheira do “orçamento secreto”
Jair Bolsonaro está vendo o índice de rejeição dos brasileiros ao seu governo crescer a cada dia e chegar a 53%, como mostrou a última pesquisa Datafolha, divulgada nesta quinta-feira (15).
Não é para menos. Ele não se preocupa nem um pouco com o povo brasileiro. Simplesmente, o seu governo decidiu cortar 60% das verbas destinadas à farmácia popular, um programa que garante remédios gratuitos para as populações mais pobres que são acometidas pelas doenças mais comuns, como é o caso de diabetes e a hipertensão.
Dos R$ 2,04 bilhões do orçamento destinados ao programa neste ano de 2022, os recursos cairão para R$ 804 milhões em 2023, o que, segundo o ProGenéricos (Associação Brasileira das Indústrias de Medicamentos Genéricos), restringirá o acesso da população a 13 tipos de medicamentos.
O programa, que subsidia a população mais pobre, pagando até 90% do valor tabelado do medicamento, fica praticamente inviabilizado com os cortes anunciados. Outras doenças como rinite, glaucoma, osteoporose, doença de Parkison, anticonceptivos e fraldas geriátricas também serão atingidas. São milhões de brasileiros que não terão mais acesso aos medicamentos.
Quando viu o estrago que a decisão trouxe à sua tentativa de reeleição, Bolsonaro tentou ludibriar a opinião pública dizendo que voltaria atrás na decisão. Logo ficou claro que não passava de mais uma farsa do Planalto. O governo cortou a verba do orçamento para ao programa Farmácia Popular para o ano de 2023 e acha que as pessoas vão acreditar na conversa de que no ano que vem, ou seja, 2023, o programa volta. Foi essa a mentira que ele disse nesta sexta-feira (16), confira:
“Isso será refeito agora pelo parlamento brasileiro, e, se não for possível, nós acertaremos essa questão no ano que vem, ninguém precisa ficar preocupado que jamais abandonaríamos os mais humildes na busca de um remédio na Farmácia Popular”, blasfemou.
Se é verdade essa sua “preocupação com os mais humildes”, qual a razão de ter cortado a verba do programa? Todos sabem que ele tirou dinheiro de diversos programas sociais, entre eles o programa Farmácia Popular e o da merenda, para irrigar com R$ 19 bilhões o chamado “orçamento secreto”, instrumento criminoso usado pelo Planalto para o suborno e a compra de votos.
Não há, portanto, motivos para se acreditar em mais essa promessa vazia. Até porque, a marca de Bolsonaro é não cumprir o que promete. Ele mentiu na campanha de 2018 dizendo que isentaria do imposto de renda quem ganhasse até 5 mil reais. Ele não só não fez isso, como nem reajustou a tabela do imposto. Em seu governo, já paga imposto quem ganha acima de míseros R$ 1.500.
Mentiu quando disse que era patriota e entregou a Amazônia para o bilionário norte-americano Elon Musk tomar conta. Quando vendeu as nossas refinarias da Petrobrás para grupos estrangeiros e entregou a especuladores a preço de banana a Eletrobras, a maior empresa de energia da América Latina.
Mentiu também quando disse aos servidores públicos e aos delegados e agentes da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal que reajustaria os salários diante da inflação galopante que seu governo criou, enviando um orçamento para 2023 sem os recursos necessários para isso. Mentiu para as crianças ao prometer “proteger” a família e cortar o reajuste da merenda escolar, agravando a crise de fome que já atinge 33 milhões de brasileiros, muitos deles menores de idade.
Mentiu quando acabou com o Minha Casa Minha Vida, programa responsável por construir centenas de milhares de casas populares, e anunciou um novo programa chamado “Casa Verde e Amarela”. Pois bem, o “novo programa” de Bolsonaro veio acompanhado de um corte de 95% das verbas para habitação popular em 2023. De R$ 665,1 milhões para a construção de casas em 2022, que já era insuficiente, ele cortou para R$ 34,1 milhões no ano que vem. Ou seja, não vai construir casa nenhuma.
Criou a carteira de trabalho verde e amarela, explorando o patriotismo dos brasileiros, para mais uma vez enganar a população. Essa carteira significou, na verdade, a precarização do trabalho e o fim dos direitos trabalhistas constantes na CLT.
Disse que ia combater a corrupção e colocou pastores para cobrar propina no MEC, além dos ladrões no Ministério da Saúde para cobrar propina “de um dólar por dose” da vacina indiana Covaxin.
Por fim, mas não menos grave, criou o orçamento secreto, o maior escândalo de corrupção com dinheiro público já visto desde a crise dos anões do orçamento. Não por acaso cada vez menos gente acredita no que ele diz e a rejeição ao seu governo não para de subir.
S.C.