
Chefe da Casa Branca reclamou que PIX gratuito prejudica as empresas americanas Visa e Mastercard. Quer esfolar os brasileiros. Bolsonaro se aliou a Trump contra o PIX e o Brasil
O Ministério das Relações Exteriores (MRE) informou que o Brasil enviará nesta segunda-feira (18) ao governo de Donald Trump a resposta sobre a investigação comercial aberta pelos EUA contra o país. Um dos alvos da “investigação” americana é o PIX, instrumento de pagamento instantâneo criado por técnicos do Banco Central do Brasil. As outras alegações de comércio desleal são desmentidas pelo próprio déficit comercial do Brasil com os EUA. O Brasil vai protocolar a resposta na Embaixada brasileira em Washington.
A medida norte-americana foi tomada com base na Seção 301 da Lei de Comércio de 1974 – que prevê a investigação de práticas estrangeiras desleais que impactam o comércio americano. O julgamento ocorrerá nos EUA. As alegações contra o comércio brasileiro são infundadas e baseadas em mentiras. Além disso, ao exigir impunidade para os réus do inquérito que investiga a tentativa de golpe de Estado no Brasil, o “processo” se denuncia a si mesmo como sendo apenas uma intromissão indevida na Justiça brasileira.
O fato do PIX ser um instrumento público e não cobrar taxas de seus usuários irritou o chefe da Casa Branca. Ele alegou que o PIX estaria causando prejuízos para as empresas americanas Visa e Mastercard. As duas empresas cobram taxas extorsivas dos usuários pelos pagamentos efetuados. Tanto Trump quanto os bolsonaristas, que o bajulam dentro do Brasil, querem que o PIX passe a cobrar taxas dos brasileiros. O que está deixando Trump mais irritado ainda é que o PIX já é aceito em vários países do mundo.
Mesmo sem esperar qualquer resultado da tal investigação, anunciada pelo Representante de Comércio dos Estados Unidos (USTR, na sigla em inglês), Donald Trump anunciou a imposição de uma tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros vendidos no mercado americano, a exemplo da carne bovina e do café. Esta é a maior tarifa aplicada por ele a qualquer outro país do mundo. Num segundo momento, a Casa Branca voltou atrás sobre a sobretaxação de cerca de 700 itens incluídos na versão inicial do tarifaço.
Mostrando desconhecimento do que se passa no comércio bilateral, ou por pura má-fé mesmo, Trump tem dito erroneamente que a relação comercial com o Brasil é deficitária para os EUA. Na verdade, os americanos mais exportam para o Brasil do que importam, em valor agregado. Cálculos do governo brasileiro, segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, estimam que, nos últimos 15 anos, o saldo da balança comercial entre os dois países foi positivo para os Estados Unidos em mais de US$ 400 bilhões.