
Trama golpista previa o assassinato de Lula, de Alckmin e de Alexandre de Moraes para implantar uma ditadura contra a democracia, o país e os seus trabalhadores
Jair Bolsonaro passou quatro anos destruindo a economia do país. Ao final, rejeitado nas urnas, quis dar um golpe de Estado para completar a destruição. Já havia transformado os trabalhadores em semiescravos, sem direitos e com salário mínimo congelado, ajudou a disseminar o vírus na pandemia matando centenas de milhares de pessoas, cortou verbas de merendas e remédios, vendeu a Eletrobrás, jogando as tarifas nas alturas, e esquartejou a Petrobrás para entregá-la aos pedaços.
As provas em poder do Supremo Tribunal Federal comprovam que Bolsonaro chefiava o plano golpista que previa a intervenção no Judiciário e o assassinato do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, de seu vice, Geraldo Alckmin, e do presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes. Ajudado por Braga Neto, foi organizada até uma campana para sequestrar Moraes. Era o primeiro passo para o assassinato das três autoridades que, segundo as provas, seria feito inclusive com envenenamento.
Toda essa trama que redundaria em mortes, fechamento de instituições e perseguições políticas está documentada detalhadamente nas conversas e mensagens telemáticas dos envolvidos, que foram resgatadas pelos peritos da Polícia Federal. Depoimentos reveladores feitos pelo ex-ajudante de ordem de Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid, também constam do extenso relatório da Polícia Federal.
As provas mostram que o “8 de janeiro” foi uma última tentativa de derrubar o presidente eleito e iniciar o golpe de Estado. As investigações comprovaram que o crime não se efetivou porque o país resistiu e os comandantes do Exército e da Aeronáutica se opuseram a ele.
O julgamento que se inicia nesta terça-feira (25) é a firme resposta da sociedade brasileira a criminosos que se associaram num bando de fascistas sem escrúpulos para rasgar a Constituição, destruir a soberania do país, massacrar direitos sociais e trabalhistas, matar adversários políticos, vender o patrimônio nacional e se locupletar pessoalmente às custas do país.
Foi gravíssimo o que esses delinquentes fizeram. Tentaram envolver as Forças Armadas e insuflaram grupos fanáticos para um banho de sangue no país. Sua condenação é uma exigência do país e uma garantia de que episódios como este não se repetirão. Pelo menos fará com que os golpista pensem duas vezes antes de tentar novamente contra a democracia.
As alegações das defesas dos criminosos, de que não houve o golpe e, portanto, não houve crime, são insustentáveis e até cínicas. O julgamento é mesmo pela tentativa de golpe. É, assim, porque foi derrotado. Os golpistas foram impedidos de executar seus planos. Se o golpe tivesse se consumado, não haveria julgamento algum. Os golpistas teriam fechado a Justiça, prendido adversários políticos e juízes da Corte. Mais ainda, teriam matado autoridades e iniciado as perseguições que o Brasil já viu em sua história e conhece muito bem.
Portanto, os criminosos foram pegos em flagrante e estão sendo julgados pela tentativa de destruir a democracia e cometer assassinatos. As provas não foram baseadas apenas nos depoimentos do auxiliar de Bolsonaro. Elas são provas materiais. Havia até uma minuta do golpe, que foi encontrada numa batida da Polícia Federal na residência do ex-ministro da Justiça, Anderson Torres. Um decreto com o cancelamento da eleição, intervenção e fechamento da Poder Judiciário e prisões foi apresentado por Jair Bolsonaro aos comandantes militares. Isto está nos autos e confirmado nos depoimentos dos dois comandantes que se opuseram ao golpe.
A fuga de Eduardo Bolsonaro, um dos mais exaltados defensores do golpe, segundo diversas testemunhas, para os Estados Unidos para açular o governo Donald Trump contra o Brasil é a confissão de que entre os planos do bolsonarismo, além de destroçar a democracia, estava transformar o país numa colônia submissa aos EUA.
O filho de Bolsonaro foi para Miami conspirar contra o Brasil. Aplaudiu as tarifas de Trump contra a economia brasileira e pediu mais sanções contra o país e o Judiciário brasileiro. Nunca se viu um brasileiro – se é que se pode dizer que Eduardo Bolsonaro seja brasileiro – conspirar abertamente contra o Brasil junto a um país estrangeiro. O julgamento dos golpistas, portanto, além de punir criminosos, é também um ato de defesa da soberania nacional.
O fracasso da manifestação em apoio aos golpistas, que Jair Bolsonaro convocou para a praia de Copacabana, na Zona Sul do Rio de Janeiro, no último domingo (16), é também a prova de que o país não aceita a impunidade dos fascistas. O fiasco do ato comprova as pesquisas de opinião que mostram apoio majoritário da nação à prisão dos golpistas e invasores dos três Poderes em 8 de janeiro. O país quer a prisão, tanto do chefe da trama, quanto de seus cúmplices. Não se pode afrontar a vontade da maioria dos brasileiros e planejar assassinatos de autoridades impunemente. É isto que está sendo julgado. Cadeia para Bolsonaro e demais golpistas!
SÉRGIO CRUZ