A Federação Intersindical dos Sindicatos dos Trabalhadores da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (Findect) denunciou em nota, nesta terça-feira (16), que o Plano de Desligamento Incentivado (PDI), implementado pela direção dos Correios, é parte de um conjunto de ações que visa a entrega do serviço de postagem às mãos do setor privado.
O PDI teve adesão de cerca de 3 mil trabalhadores ecetistas. Com isso, de acordo com a Findect, o quadro de pessoal ficará ainda menor, a sobrecarga muito maior e a qualidade do serviço mais prejudicada.
“A direção da ECT não realiza concurso desde 2011. Nesse período não repôs as vagas de quem se aposentou e fez vários PDIs”, diz a nota.
“O quadro de pessoal está defasado há mais de 10 anos. E cada vez piora a falta de funcionários e a sobrecarga. Só entram alguns poucos terceirizados, o que precisa ser combatido porque não ajuda, já é uma forma de privatizar e precariza ainda mais a mão de obra da categoria”, continua a Findect.
Para a Federação, esse movimento “tem o óbvio objetivo de enxugar os custos operacionais com o aumento da produtividade, que deve ser entendida como mais trabalho por pessoa, ou seja, sobrecarga. Também de piorar o serviço prestado à população, derrubar a credibilidade dos Correios e ceder espaço no mercado postal às empresas privadas”.
A Findect afirma que respeita a decisão dos trabalhadores que aderiram, mas lembra como o processo de desligamento incentivado foi baseado em chantagens e assédios para alcançar o maior número possível de adesões.
“Sabemos que é difícil resistir aos ataques e chantagens que a direção da ECT vem fazendo, ao excesso de serviço, à pressão e outros abusos das chefias. Mas é preciso deixar claro o que significa esse PDI e o que os companheiros que aderiram vão encontrar no mercado de trabalho”.
A entidade defende que esses trabalhadores vão precisar ter projetos claros e consistentes de recolocação no mercado de trabalho, uma vez que a atual conjuntura é marcada por um grave cenário de desemprego em massa que atinge mais de 14% dos brasileiros, uma das taxas mais altas da história, sem perspectivas de melhoria sob o governo Bolsonaro.
“O ideal é que todos ficassem na empresa e se juntassem aos Sindicatos na luta contra a privatização. Seria uma forma de resistir ao desmonte, à destruição da ECT e do emprego e direitos do ecetista, à liquidação e à venda desse patrimônio do povo e do país”, diz a Findect.
“Privatização é perda para o trabalhador, para a população e para o país. A Findect e os Sindicatos filiados chamam todos os ecetistas a se engajarem cada vez mais nessa luta.”, complementa a nota.