O presidente interino da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), Carlos Fortner, confirmou em entrevista divulgada neste final de semana ao jornal O Estado de São Paulo, que a empresa definiu, em fevereiro, pelo fechamento de 513 agências até o final deste ano, o que poderá levar à demissão cerca de 5,3 mil funcionários da estatal.
No facsimile do relatório da empresa, apresentado pela reportagem, o número de agências que podem ser fechadas chega a 755, sendo elas as que estão próximas a unidades de atendimentos próprios ou próximas a terceirizadas ou de em “mercado de baixo potencial”.
Para o presidente interino (o presidente anterior dos Correios, Guilherme Campos, deixou a presidência da estatal para concorrer à Câmara dos Deputados de São Paulo pelo PSD), o “problema” da empresa é ter agências demais pelo país, o que prejudica a obtenção de lucros. Resumindo: quer cortar os gastos prejudicando principalmente a população das regiões mais afastadas, demitindo trabalhadores e precarizando o atendimento com o fim de privatizar o serviço, beneficiando empresas privadas do setor, em detrimento do serviço público.
É o que ressalta o Sintect-SP (Sindicato dos Trabalhadores da Empresa Brasileira Correios Telégrafos de São Paulo). Para a entidade, esse é mais um passo em direção à privatização dos correios uma vez que Fortner deixou claro que pretende fechar prioritariamente agências próprias, favorecendo claramente a gestão privada.
“A rede de agências franqueadas tem registrado aumento crescente de remuneração. Isso é resultado direto da transferência de grandes contratos comerciais para a rede de franquias, favorecendo seus donos, (…) estão destruindo os Correios. Doando o setor postal de presente para empresários loucos por lucro”, denuncia o sindicato.
Para a Federação Interestadual dos Sindicatos dos Trabalhadores e Trabalhadoras dos Correios (Findect), o que existe é a má gestão da empresa, por trás da qual “há indicação de pessoas sem competência e formação para as funções altamente remuneradas que assumem, e decisões políticas alinhadas com as diretrizes dos governos (no caso atual, de privatizar)”.
Conforme a federação, o fim da entrega diária, o fechamento de agências, a falta de concursos, entre outras medidas “levam à diminuição do atendimento à população, o que faz a atividade econômica cair”. “Esses são os motivos da redução da atividade da empresa, e da arrecadação financeira”, denuncia a Federação.