
Youtube anunciou em março que tiraria do ar conteúdos falsos sobre a última disputa presidencial. No vídeo derrubado, Bolsonaro cita suposta fraude sem apresentar provas
As eleições de 2022, definitivamente, não terão alguns vícios que suscitaram a vitória do atual chefe do Poder Executivo. Embora seja bom ficar esperto em se tratando de Bolsonaro.
O YouTube removeu, na última quarta-feira (13), vídeo do canal do presidente em que ele levanta a possibilidade de fraude nas eleições de 2018 sem apresentar provas.
É a primeira vez que isso ocorre no canal dele desde que a plataforma proibiu a fake news sobre a última disputa presidencial. Essa cantilena é para colocar em dúvida o pleito e o resultado (que se anuncia desfavorável) de outubro próximo.
Em março, o YouTube anunciou que derrubaria vídeos com informações falsas relacionadas às eleições de 2018, incluindo alegações de fraude e erros que possam ter alterado o resultado da votação.
Bolsonaro fez uso dessa “denúncia” exaustivamente, no Brasil e no exterior. Isto é, ele mentiu tanto, que acabou acreditando na própria mentira. O presidente da República é mitômano?
Mentir compulsivamente é uma doença conhecida como mitomania. “A mitomania, também conhecida como mentira patológica e pseudologia fantástica, é a tendência duradoura e incontrolável para a mentira”, explica o psiquiatra e coordenador da Equipe de Transtornos Psicóticos do AME (Ambulatório Médico de Especialidades de Psiquiatria), Deyvis Rocha.
DELETADO ‘POR VIOLAR AS DIRETRIZES DA COMUNIDADE’
Postado dia 12 de agosto de 2021, o vídeo traz entrevista de Bolsonaro concedida no mesmo dia à uma rádio. Ao acessar o linque, a plataforma indica que o material foi deletado “por violar as diretrizes da comunidade”.
A gravação, no entanto, continua no ar na página do presidente no Facebook.
Durante a entrevista, Bolsonaro questiona o processo eleitoral de 2018 e a suposta atuação de hacker para “desviar votos”. Na ocasião, o presidente ainda admitiu que “não tinha provas” sobre influências externas no pleito.
O YouTube confirmou que o vídeo foi removido por descumprir a política de integridade eleitoral da plataforma, que proíbe desinformação sobre as eleições de 2018.
‘VISIBILIDADE A CONTEÚDO CONFIÁVEL’
A plataforma, a seu turno, afirmou que tem elaborado conjunto de políticas e sistemas “para dar visibilidade a conteúdo confiável, reduzir a disseminação de informações enganosas e permitindo, ao mesmo tempo, a realização do debate político”.
“Todos os conteúdos no YouTube precisam seguir nossas ‘Diretrizes de Comunidade’. Além de uma combinação de inteligência de máquina e revisores humanos, também contamos com denúncias de usuários para identificar materiais com conteúdo suspeito e manter a comunidade da plataforma segura”, escreveu a plataforma.
A medida já havia sido adotada pelo YouTube para vídeos publicados após as eleições dos Estados Unidos, em 2020, e da Alemanha, em 2021. “Agora, ela [essa] será aplicada às eleições presidenciais brasileiras de 2018”, escreveu a empresa ao anunciar a mudança.
M. V.