Assembleia geral reuniu trabalhadores da indústria contra ‘reforma ilegal’ e aprovou dia de mobilização nacional em 10 de novembro
Cerca de 1,5 mil trabalhadores da indústria de todo o país participaram na sexta-feira, 29, da Plenária Nacional organizada pelo movimento Brasil Metalúrgico, em São Paulo, contra a retirada de direitos dos trabalhadores pretendida pela “reforma trabalhista” e contra a reforma da Previdência.
Comandada por Miguel Torres, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos (CNTM) e do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, a plenária aprovou um manifesto (leia abaixo) e definiu por um Dia Nacional de Protestos e Paralisações em 10 de novembro, véspera da entrada em vigor da “reforma trabalhista”.
A assembleia contou com a presença de sindicatos de todo o país, entre metalúrgicos, petroleiros, trabalhadores da indústria química, naval, alimentação, metroviários, eletricitários, construção civil, dos Correios e aposentados, e das centrais sindicais Força, CUT, CSP-Conlutas, CGTB, CTB e Intersindical.
“A unidade das centrais sindicais deve passar pela unidade das categorias pela base. Precisamos construir uma pauta de lutas para fazer frente a essas reformas e outras que estão por vir como a da Previdência. A resistência é o único caminho. A luta faz a lei, senão não há lei que favoreça os trabalhadores”, convocou Miguel Torres durante a Plenária.
Os trabalhadores reforçaram a mobilização pela defesa dos direitos conquistados reafirmando que não aceitarão acordos coletivos com os conteúdos expressos na lei de Temer, que foi, inclusive, fortemente vaiado durante o encontro, alvo de um sonoro “Fora, Temer. Fora, Temer”.
Para o presidente da CGTB, Ubiraci Dantas, o Bira, “muitos diziam que, ao ser aprovada, a reforma trabalhista já estava dada, mas não contavam com a força do trabalhador. Hoje estamos demonstrando que os trabalhadores estão preparados para resistir a essa lei e fazer uma verdadeira desobediência civil”.
Luiz Carlos Prates, o Mancha, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, lembrou das grandes mobilizações dos trabalhadores, como a Greve Geral de 28 de abril e a Marcha ‘Ocupa Brasília’. “Nossa campanha Brasil Metalúrgico já está surtindo efeitos e já há acordos conquistados que proíbem a reforma trabalhista e seus efeitos, como a terceirização, e garantem a renovação das cláusulas sociais. Mas sabemos que uma só categoria não basta. É preciso construir uma Greve Geral que envolva toda a classe trabalhadora”, disse.
A plenária foi encerrada com uma passeata que percorreu parte da Avenida Cruzeiro do Sul até as proximidades do Shopping D. Com muita energia, aos gritos de “Greve Geral, essa lei é ilegal”, os manifestantes chamaram a atenção de quem passou pelo local e deram uma demonstração do que vem por aí. O presidente da Federação Interestadual de Metalúrgicos e Metalúrgicas do Brasil (Fitmetal), Marcelino Rocha, afirmou: “a unidade e resistência devem ser nosso motor de luta contra a agenda regressiva de Temer. Não aceitaremos a retirada de direitos, por isso, vai ter luta!”, alertou.
Zé Maria, da Federação Democrática dos Metalúrgicos de Minas Gerais, defendeu a construção de uma nova Greve Geral: “É uma luta que se dá agora nas campanhas salariais em torno do lema ‘Nenhum Direito a Menos’, mas que precisa se transformar numa luta nacional de toda a classe trabalhadora. Vamos sacudir esse país no dia 10 de novembro com manifestações, greves e protestos, e avançar em nossa luta para construir uma Greve Geral que revogue a reforma trabalhista, barre a da Previdência e dê um basta neste governo e Congresso corruptos”.
Atnágoras Lopes, da CSP-Conlutas, apontou que “com sua luta e ação direta, os trabalhadores podem transformar esse país. Como dirigentes, nosso papel é honrar os 23 milhões de desempregados, botar pra fora esse governo canalha e todos os corruptos do Congresso Nacional. Aqui está a classe trabalhadora organizada e que tem tradição de luta. No dia 10, vamos fazer um grande dia nacional de luta e forjar uma nova greve geral nesse país”.
MANIFESTO APROVADO PELA PLENÁRIA NACIONAL