
Dois policiais militares foram presos preventivamente acusados de matar dois jovens em Belford Roxo, na Baixada Fluminense, após uma abordagem policial. A prisão foi efetuada pela Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense, depois que os suspeitos foram apresentados pela Corregedoria.
O jovem Edson Arguinez Júnior, de 20 anos, já tinha comprado um vale-roupa para se preparar para o Natal. Mas os planos do rapaz, que estava esperando o fim da pandemia para retomar os estudos no segundo ano do Ensino Médio e se preparar para uma formação em Contabilidade, foram interrompidos. Jordan Luiz Natividade pretendia se alistar em breve, ao completar 18 anos, e realizar o sonho da avó ao seguir a carreira militar. Os corpos dos dois foram encontrados em um Pesque e Pague no bairro do Babi, em Belford Roxo.
Em audiência de custódia, o juiz Rafael de Almeida Rezende transformou o flagrante em prisão preventiva, ressaltando que, apesar de as imagens mostrarem os jovens sendo algemados, “tal ocorrência não foi registrada em nenhuma delegacia, tampouco encaminhada a outro órgão, tendo os policiais deixado o plantão respectivo sem nada relatar a seus superiores”.
Os policiais negaram a realização de disparos, apesar da perícia ter encontrado sangue no solo do local dos fatos, bem como nos tapetes da viatura. Um vídeo de uma câmera de segurança mostra um disparo dos policiais contra os jovens na motocicleta.
“Há fortes indícios de que os custodiados, com o objetivo de encobrir uma abordagem policial malsucedida, deram cabo da vida das vítimas de forma a ocultar suas condutas pretéritas, restando evidente que a prisão cautelar é necessária para a garantia da ordem pública”.
Nos depoimentos à Delegacia de Homicídios, os policiais negaram ter atirado. Na versão apresentada, eles faziam a abordagem ao carro branco “em atitude suspeita tendo em vista o horário e o local em que o veículo estava estacionado”, quando a moto passou. A queda, segundo os depoimentos, teria acontecido por descontrole do próprio piloto, ferido no incidente. Ainda de acordo com as declarações, os rapazes seriam levados à delegacia para averiguação, mas foram liberados “uns 40 metros depois”, pois os agentes “concluíram que os indivíduos não tinham problema nem a motocicleta que usavam”. Eles admitiram que “não é usual a liberação de suspeitos antes de chegarem na delegacia ou em outro órgão”.