Entre 2020 e 2021, o número de brasileiros vivendo abaixo da linha da pobreza aumentou 22,7% e o número de pessoas em situação de extrema pobreza cresceu quase 50%
Sob o governo Bolsonaro a pobreza e a extrema pobreza batem recorde no país. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados nesta sexta-feira (2), no ano passado o número de brasileiros vivendo abaixo da linha da pobreza aumentou 22,7% na comparação com 2020, ou 11,6 milhões de brasileiros a mais em condição de pobreza, totalizando 62,5 milhões de pessoas. O número de pessoas em situação de extrema pobreza aumentou 48,2% no mesmo período, ou 5,8 milhões a mais de miseráveis, somando 17,9 milhões de pessoas.
Isto significa que, em 2021, praticamente 29,4% da população do Brasil estava pobre e outros 8,4% estavam extremamente pobres. Foram os maiores números e os maiores percentuais de ambos os grupos, desde o início da série, em 2012.
RENDA PER CAPITA DE R$ 168
O IBGE considera as linhas de pobreza propostas pelo Banco Mundial, que adota como requisito os rendimentos per capita de US$ 5,50, equivalentes a R$ 486 mensais per capita. Já a linha de extrema pobreza é de US$ 1,90, ou R$ 168 mensais per capita.
Os dados retratam a desastrosa ação do governo Bolsonaro durante a pandemia da Covid-19, que atuou com cortes de investimentos públicos e redução nos valores e no número de contemplados no Auxílio Emergencial, em prol do cumprimento da regra do teto de gastos – isto é: para garantir o religioso pagamento de juros a bancos.
Em plena pandemia, os preços dos alimentos dispararam com aval do governo, os salários foram arrochados e o desemprego e o trabalho precário bateram recordes, agravando a situação de miséria no país. Faltou o arroz com feijão na mesa do brasileiro. E o Brasil viu explodir a fome que levou famílias a enfrentarem filas por “ossinhos” e a “garimparem” restos de comida em carcaças de supermercados.
Em 2021, o rendimento domiciliar per capita caiu para R$ 1.353, o menor nível desde 2012. O Índice de Gini, que mede a desigualdade, voltou a crescer e chegou a 0,544, segundo maior patamar da série. O indicador varia de 0 a 1 e, quanto mais perto de 1, maior a desigualdade.
“Considerando o início da série, em 2012, essa taxa reduziu até 2015 e cresceu até 2018. Dado os efeitos da distribuição dos programas emergências de transferência de renda por conta da pandemia da Covid-19, o índice havia caído em 2020”, observou o IBGE. Apesar do negacionismo de Bolsonaro, que além da sabotagem à vacinação, boicotou iniciativas para amenizar a consequências da crise sanitária sobre a economia, reduziu o auxílio emergencial pela metade, dificultou o crédito às micro e pequenas empresas e, em março de 2021, deu início à escalada de juros.
Na miséria estão 46,2% das crianças menores de 14 anos de idade, o maior percentual da série, iniciada em 2012, um aumento de 17 milhões para 20,3 milhões. Já a proporção de pretos e pardos abaixo da linha de pobreza chegou a 37,7%, o dobro da proporção de brancos (18,6%).
No recorte regional, as regiões Nordeste (48,7%) e Norte (44,9%) tinham as maiores proporções de pessoas pobres na sua população. No Sudeste e no Centro-Oeste, 20,6%, ou um em cada cinco habitantes estavam abaixo da linha de pobreza. O menor percentual foi registrado no Sul, com 14,2%.