O número de pessoas vivendo na miséria na região metropolitana de São Paulo aumentou 35% no último ano, segundo estudo da LCA Consultores a partir de dados divulgados recentemente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A região, que concentra 39 municípios, teve, em 2017, 700 mil pessoas vivendo na pobreza extrema, 180 mil pessoas a mais do que em 2016.
A consultoria adotou a linha de corte do Banco Mundial, que considera em situação de pobreza extrema quem tem até US$ 1,90 de renda domiciliar per capita por dia (corrigida pela paridade de poder de compra). De acordo com o IBGE, esse valor equivalia, em 2016, a R$ 133 mensais. Em 2017, foi de R$ 136, conforme cálculo da LCA.
O estudo também detalha que o número de pessoas de cor preta ou parda vivendo em situação de extrema pobreza cresceu 61% no ano passado na região metropolitana de São Paulo, muito acima do aumento na parcela branca da população, que foi de 13,6%.
O crescimento da extrema pobreza se deu apesar da redução da taxa de desemprego na grande São Paulo, que foi de 14,2% no quarto trimestre do ano passado, 0,7 ponto percentual abaixo da verificada em 2016. Os dados evidenciam a precarização do mercado de trabalho, que fechou postos com carteira assinada, que mantinham garantias trabalhistas e pisos salariais, e aumentou postos informais.
Já no Estado de São Paulo como um todo, o número de pessoas vivendo na extrema pobreza cresceu 23,9% no período, chegando a 1,392 milhão de pessoas.
De acordo com o IBGE, a renda média domiciliar per capita média da parcela 5% mais pobre da população [considerando o rendimento de todas as fontes, como trabalho, aposentadoria ou pensões, aluguéis e programas sociais] caiu de R$ 115 para R$ 94 entre 2016 e 2017, um recuo de 18% no estado que é o mais rico do Brasil.
BRASIL
No país, a média nacional de pobreza extrema cresceu 11,2% em 2017, frente ao ano anterior, chegando a 14,83 milhões de pessoas. O aumento significa que 1.500.000 pessoas foram para a miséria no período.
O movimento ocorreu em todas as grandes regiões do país, e em alguns estados, a proporção de pessoas na extrema pobreza atingiu índices altíssimos da população, como o Maranhão, com 19,1%, Alagoas, com 15,1% e Amazonas, com 13,6%.
O levantamento da LCA Consultores foi realizado a partir da base de dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua).
ADOLESCENTES
Segundo estudo “Cenário da Infância e da Adolescência no Brasil”, divulgado na última terça-feira (24) pela Fundação Abrinq, mais de 40% de crianças e adolescentes de 0 a 14 anos vivem em situação domiciliar de pobreza no Brasil, o que representa 17,3 milhões de jovens no país.
Em relação àqueles em extrema pobreza, o número chega a 5,8 milhões de jovens, ou seja, 13,5%. As regiões Norte e Nordeste apresentam os piores cenários, com 54% e 60% das crianças, respectivamente, vivendo nesta condição.