Afirmação foi feita na véspera do Dia Internacional do Meio Ambiente. “Não haverá garimpo em terra indígena”, garantiu Lula., reiterando que a humanidade “pode tirar proveito da biodiversidade”
O ex-presidente Lula e seu vice Geraldo Alckmin participaram de uma reunião neste sábado (4), véspera do Dia Internacional do Meio Ambiente, com cientistas, pesquisadores e entidades do setor ambiental brasileiro. Lula disse que num eventual novo governo, respeitará as áreas de proteção ambiental, não admitirá garimpo em terra indígena e trabalhará para restabelecer o prestígio e o protagonismo internacional que o Brasil já teve no debate sobre meio ambiente.
“Tudo o que eles desfizeram nós vamos ter que refazer. E vamos ter que cuidar efetivamente com respeito com as nações indígenas espalhadas por esse país. Nós que devemos para eles, e não eles que devem para nós”, afirmou Lula.
“Nesse negócio, não tem meio termo. A gente tem que ter coragem de dizer: não haverá garimpo em terra indígena nesse país. As terras que forem demarcadas como áreas de proteção ambiental terão de ser respeitadas. Não vai ter concessão. E a outra coisa importante é que nós vamos restabelecer nossa relação com o mundo”, acrescentou o pré-candidato.
O ex-presidente Lula pediu esforços aos participantes para debater com a sociedade brasileira a ideia de que a proteção ambiental não é inimiga do desenvolvimento econômico e do progresso. “É preciso que a gente convença a sociedade que isso é uma possibilidade. Quando a gente fala em benefício para a humanidade é lindo, mas a pessoa que está lá precisa ser incluída, saber que vai ter emprego, escola, saúde. Vamos melhorar as coisas, vamos gerar empregos, oportunidades”, disse o ex-presidente.
Ele defendeu ainda que o Estado precisa assumir responsabilidade, contratar pessoas qualificadas, fiscalizar e ter leis mais duras, além de transformar os programas em políticas públicas para que não mudem a cada troca de governo. “O Estado precisa assumir responsabilidade. Então, o ministério vai ter que ter mais gente, a fiscalização vai ser mais atuante e a gente vai ter que ter leis mais duras”, destacou.
Na opinião de Lula, “em vez de pensar em derrubar florestas, é preciso pensar em soluções para o desenvolvimento deixando-as de pé”. “Não é você olhar para uma floresta e dizer vamos derrubá-la para crescer. É como crescer com ela em pé. Ou como tirar proveito da riqueza que ela oferece. Como a humanidade pode tirar proveito da biodiversidade”, disse, lembrando que “é impossível imaginar que a gente vai fazer as mudanças que precisa fazer se não elegermos um presidente e junto com o presidente senadores de melhor qualidade e deputados de melhor qualidade”, reforçou.
Participaram do debate, além de Lula e Alckmin, o cientista Carlos Nobre, professor da USP, ex-presidente da Capes, Raimunda Monteiro, ex-reitora da Universidade do Pará, Adriana Ramos, do Instituto Socioambiental, Márcio Astini, do Observatório do Clima, João Paulo, do MST, Jorge Viana, ex-governador do Acre, os deputados Eduardo Molon e NIlto Tatto, o senador Randolfe Rodrigues, e o presidente do PV, Carlos Pena, o ex-deputado federal Eron Bezerra, do PC do B, o deputado federal Zé Carlos, do PV, o vice-presidente da Fundação João Mangabeira, Alexandre Navarro, do PSB, o ex-governador do Piauí, Wellington Dias, além do presidente da Fundação Perseu Abramo, Aloísio Mercadante.
Carlos Nobre disse que, em vez de celebração, há preocupação nesta semana do meio ambiente porque a humanidade está à beira de um precipício ambiental sem precedentes, vendo os eventos extremos se acelerarem em todo o planeta, como Brasil está sendo afetado com eventos, como s recentes em Recife e Alagoas. “Nos tornamos talvez o maior pária ambiental do planeta. Nós temos que mudar isso e o Brasil é dos poucos países que tem essa experiência, principalmente na redução das emissões do desmatamento. Temos que implementar políticas nessa direção”, disse o cientista.