Os fatos ocorridos, nesta quarta (13), jogam por terra, definitivamente, o discurso bolsonarista que os ataques do 8 de janeiro foram praticados por velhinhas com bíblias debaixo do braço e estilingue nas mãos
A polícia vasculhou, na noite desta quarta-feira (13), horas depois das explosões e do suicídio do terrorista que perpetrou os ataques, a casa em que Francisco Wanderley Luiz alugou, em Ceilândia, antes de detonar 2 artefatos em Brasília.
Na ação da polícia, foram coletados materiais que ajudarão a elucidar o planejamento do crime e se o terrorista, natural de Santa Catarina, contou com ajuda de outras pessoas para colocar em prática a empreitada terrorista.
Depois desse episódio, a tese bolsonarista de que os ataques do 8 de janeiro de 2023 foram praticados por “velhinhas e velhinhos com bíblias de baixo do braço e estilingues na mão” caiu, definitivamente, por terra. Se antes isso já não “colava”, agora, perdeu completamente o sentido.
O terrorista tem o perfil dos que vandalizaram as sedes dos Poderes, em Brasília. Os deputados bolsonaristas querem tornar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) elegível para disputar as eleições de 2026, para, se ganhar, voltar ao governo com aliados como o homem do carro-bomba.
O terrorista foi candidato a vereador pelo PL em Rio do Sul, no Vale do Itajaí, em Santa Catarina, em 2020, mas não se elegeu. Segundo o irmão de Francisco, Rogério Luiz, ele era solteiro, atuava como chaveiro e tinha 2 filhos, de 37 e 38 anos, do primeiro relacionamento. Era dono de um prédio residencial na cidade, segundo informações.
LINHA DE INVESTIGAÇÃO
Policial federal que está na linha de frente das investigações relatou que, até o momento, não há nenhum indício de que mais pessoas tenham participado do atentado.
A linha que se desenha é que, com perturbações mentais, o homem tenha agido sozinho. Os artefatos foram detonados nas cercanias do STF (Supremo Tribunal Federal) e da Câmara dos Deputados.
O Congresso colocou guardas armados para reforçar segurança após explosões nas imediações da Câmara.
Relatos de pessoas que estavam no local dão conta de que foram ouvidas fortes explosões em diferentes pontos da Praça dos Três Poderes, na Esplanada dos Ministérios
Ceilândia é a região administrativa mais populosa do Distrito Federal, com 350 mil habitantes, localizada a cerca de 30 quilômetros da Praça dos Três Poderes. Na área, imóveis podem ser alugados por valores bem inferiores aos do chamado Plano Piloto, onde ficam as sedes dos Três Poderes.
“ATAQUES”
O AGU (advogado-geral da União), Jorge Messias, classificou as explosões que ocorreram em Brasília de ataques e falou sobre colocar a PF (Polícia Federal) para investigar os casos.
“Repudio com toda a veemência os ataques contra o STF e a Câmara dos Deputados. Manifesto minha solidariedade aos ministros e parlamentares”, escreveu, em publicação na rede digital X.
“A Polícia Federal investigará com rigor e celeridade as explosões no perímetro da Praça dos Três Poderes. Precisamos saber a motivação dos ataques, bem como reestabelecer a paz e a segurança o mais rapidamente possível”, acrescentou.
Ambas as explosões foram registradas na Praça dos Três Poderes na noite desta quarta: uma no entorno do prédio do STF, na Esplanada dos Ministérios, e outra em estacionamento da Câmara dos Deputados.
ESQUADRÃO ANTIBOMBAS DA PF
Em nota, a PF escreveu que policiais de grupos de operações táticas, pronta-intervenção e agentes de perícia e do esquadrão antibombas da corporação estão na Praça dos Três Poderes para conduzir “ações iniciais de segurança e análise do local”.
No Palácio do Planalto, o GSI (Gabinete de Segurança Institucional) acionou o Plano Escudo, que permite a atuação do Exército em residências oficiais da Presidência e da Vice-Presidência da República sem operação formal de GLO (Garantia da Lei da Ordem).