Repressão do governo Milei, que tenta aprovar “Lei Ônibus”, prevendo a privatização de setores estratégicos, a estrangeirização da terra, o assalto à Seguridade Social e o desmonte da cultura, fere 60 manifestantes
LEONARDO WEXELL SEVERO E MARIANO VÁZQUEZ, de Buenos Aires
No final da tarde desta quinta-feira (1) milhares de policiais, pertencentes a todas as forças de segurança, avançaram sobre o protesto pacífico contra a “Lei Ônibus” do governo de Javier Milei com gases, balas de borracha e jatos de água, deixando mais de 60 manifestantes e 30 jornalistas feridos em frente ao Congresso argentino.
Cinicamente, a ministra da Segurança, Patricia Bulrrich, perguntou: “Que violência houve?”. Ao mesmo tempo, as emissoras de televisão mostravam o sangue correndo no corpo das pessoas.
Uma das imagens mais grotescas foi observar policiais armados até os dentes agredindo sem piedade a aposentados e pensionistas que denunciavam o brutal arrocho de sua renda por um projeto que prioriza os cartéis transnacionais e os bancos.
O Sindicato dos Jornalistas de Buenos Aires rechaçou “os ataques deliberados das forças de segurança a trabalhadores de imprensa que foram feridos por fazer seu trabalho” e apontou três dezenas “de companheiros de meios públicos, privados e independentes atingidos por balas de borracha, pauladas e danos provocados por gás lacrimogêneo”.
A Central dos Trabalhadores da Argentina Autônoma se declarou “em estado de alerta e mobilização diante do atropelo à democracia realizada pela grave repressão contra o povo que saiu às ruas para defender os direitos conquistados”.
A Confederação Geral do Trabalho (CGT) denunciou que o “modelo de Milei é ajuste, repressão e violência para gerar medo na sociedade argentina a qual propõe degradar, desintegrar e seguir empobrecendo”.
ATROPELO E DESCONHECIMENTO DE DIREITOS
A projeção é que nesta sexta-feira (2) o Congresso aprove em geral o projeto governamental que prevê a privatização de setores estratégicos, a estrangeirização da terra, o assalto à Seguridade Social e o desmonte da cultura.
Ao longo do dia de hoje as organizações populares voltarão a se concentrar, afirmando aos deputados que “a Pátria não se vende, se defende”.